Memória social do uso de plantas medicinais em uma comunidade ribeirinha do Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Sá, Rommel Gonçalves de
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/7205292939481568
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7200
Resumo: Esta dissertação é resultado da pesquisa realizada na comunidade ribeirinha de São Francisco, no Careiro da Várzea/Amazonas, na qual se investigou a memória social do uso de plantas medicinais. O objetivo foi investigar a memória social de moradores dessa comunidade ribeirinha acerca dos conhecimentos de plantas medicinais. Os objetivos específicos foram: a) entender os aspectos relacionados à valorização dos saberes tradicionais de plantas medicinais; b) investigar as formas de manutenção da memória; c) compreender os processos de transmissão de tais saberes. A metodologia foi situada dentro da pesquisa qualitativa, pois visou à compreensão de significados e sentidos atribuídos à memória social do uso de plantas medicinais. Os instrumentos utilizados foram: entrevistas semiestruturadas com questões norteadoras, que tiveram como foco as narrativas orais dos participantes, tendo como fonte as rememorações e vivências acerca de suas experiências de vida dentro do tempo vivo da memória social, em sua duração, contrapondo imagens do presente com imagens do passado para colocar em ato novas formas. Também a observação participante foi utilizada como forma de negociar sentidos e preencher lacunas deixadas durante as falas e permitir conhecer melhor as construções das lembranças, com anotações em diário de campo. Os participantes da pesquisa foram 10 moradores da própria comunidade, maiores de 18 anos e teve como ponto de propulsão o método “bola de neve”, utilizado para definir a amostra. Os dados coletados, na forma de narrativas orais, foram tratados de forma analítica conforme o que é estabelecido na Análise de Conteúdo de Bardin (2011). Os resultados da pesquisa apontaram para: transmissão oral dos saberes tradicionais geralmente por mulheres (principalmente as mães e, secundariamente, as avós), mas também por “espíritos da floresta”; finalidade da utilização de plantas para emprego em doenças físicas como associado a outras práticas para doenças espirituais; quem cuida de outras pessoas é prioritariamente as mulheres, enquanto homens cuidam mais de si; a parte mais utilizada das plantas é as folhas; há preocupação com a dosagem, preparação dos chás e remédios caseiros, também com interação com remédios de farmácia; existência de canteiros nos quintais. Concluímos que a comunidade investigada ainda valoriza o uso de plantas medicinais e que os seus conhecimentos foram herdados oralmente de geração em geração, aclamando a mulher como guardiã de tais saberes e confirmando, com isso, que a memória social do uso de plantas medicinais ainda subsiste nesse lugar. Outra conclusão é que os processos de transmissão dos saberes se dão em uma relação de ensino e aprendizagem, havendo uma educação doméstica em razão da cultura da família ribeirinha, que põe a mulher como educadora e agente praxiológico. Além disso, a mulher também é detentora dos saberes sobre saúde e assume, na comunidade, o papel de cuidadora, preocupada em tratar e curar as doenças.