“Cura gay" religiosa: análises a partir dos discursos produzidos pela literatura e as experiências de lésbicas, gays e bissexuais no Norte do Brasil
Ano de defesa: | 2023 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9991 |
Resumo: | No Brasil dos séculos XIX e XX, o discurso das ciências psi referente a gênero e sexualidade introduziram na sociedade a ideia de que as expressões, identidades de gênero e orientações sexuais divergentes da cis-heteronormatividade seriam passíveis de “cura” e “transformação”. A temática dessa dissertação insere-se em um amplo e complexo campo em que se enlaçam Sexualidade, Religião e Psicologia. No primeiro estudo, descrevemos o percurso realizado por este discurso, assim como a apropriação e uso de parte dele por políticos e religiosos cristãos, considerando suas propriedades plurais enquanto fenômeno social, através das contribuições da Análise do Discurso Foucaultiana Já no segundo estudo, de abordagem qualitativa, do tipo descritivo-exploratório, buscou-se compreender os diferentes desfechos e efeitos emergentes nas experiências narradas por oito jovens autoidentificados como lésbicas, gays ou bissexuais, a partir de inspirações advindas dos pressupostos de Michel Foucault (2004, 2014) sobre o dispositivo da sexualidade e subjetivação para discussão dos resultados. Ao longo das análises, demarcamos a importância da Psicologia na compreensão das consequências contemporâneas de um discurso patologizante produzido justamente pelas ciências psi. Percebeu-se que existe a manutenção de perspectivas preconceituosas e aniquiladoras das existências lésbicas, gays e bissexuais, das quais as igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais aqui estudadas promovem e compartilham. Uma estrutura rígida de vigilância, controle e punição que através de tecnologias e relações específicas de poder atravessam corpos, subjetivam sujeitos e produzem apagamentos e violências. Dessa forma, ter vivido experiências de “cura” gerou efeitos negativos na saúde mental dos/as colaboradores/as deste estudo, causando danos em seu autoconceito, suas emoções e perspectivas de futuro, e ensejando intenso sofrimento - capaz de influenciar em ideações e tentativas de suicídio. Por fim, acredita-se ser possível articular intervenções mais adequadas à realidade e ao contexto experimentado por elas, e principalmente, auxiliando na promoção de saúde mental enquanto dispositivo ético e político de cuidado. |