A etnomatemática no artesanato indígena: um estudo sobre elementos matemáticos na tradição Sateré-Mawé na Comunidade Boa Fé na região do Rio Andirá
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Humanas e Letras Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6834 |
Resumo: | O presente trabalho foi realizado no município de Barreirinha – AM com membros da comunidade indígena Boa Fé localizada na Terra Indígena Andirá-Marau, à 79 km de Parintins, composta de 16 famílias, situada a margem esquerda do rio Andirá, abaixo do curso do rio. Esta pesquisa tem como motivação a inquietação, que surgiu quando vivenciamos a prática docente, verificamos as dificuldades na aprendizagem, procuramos refletir sobre nossa prática, através de algumas pesquisas e observações em sala de aula, percebemos que muitas dessas dificuldades ocorrem devido ao fato de que professores e alunos não conseguem transformar a realidade em conhecimento e conhecimento em realidade, dessa forma, uma grande parte dos indivíduos não sabe lidar com situações novas e utilizar a matemática em seu dia a dia. A pesquisa teve como objetivo investigar os processos de geração, organização e transmissão de conhecimento através da Etnomatemática presente no artesanato da etnia Sateré-Mawé. Para essa reflexão, nos sustentamos na Etnomatemática, por se tratar de um programa de pesquisa que procura entender o saber/fazer matemático ao longo da história da humanidade, contextualizado em diferentes grupos de interesse, comunidades povos e nações. Trata-se de um programa porque busca entender a aventura da espécie humana na busca de conhecimento e na adoção de comportamentos. Utilizamos as técnicas etnográficas como observações, diário de campo, entrevistas semiestruturadas e questionário para coleta de dados, com foco no conhecimento envolvido na prática do teçume, no saber/fazer artesanato passado de geração para geração, nas técnicas que um artesão Sateré deve conhecer para escolha do material usado para extrair as fibras e os padrões de teçumes, através desse processo de confecção artesanal, nos conhecimentos que se aproximam a conceitos de contagem, simetria e geometria dos participantes da pesquisa da comunidade indígena, os dados coletados foram analisados segundo o referencial teórico. Com a realização desta pesquisa, foi possível reconhecer o conhecimento matemático pautado no cotidiano e a realidade da comunidade, na memória histórica e cultural da etnia, mostramos como eles explicam, entendem, conhecem e resolvem seus problemas na comunidade. Abordamos também sobre os conhecimentos que os Sateré-Mawé consideram relevantes para prática e técnicas dessa expressão cultural, conhecimentos que evolvam ideias matemáticas, que resistiram à colonização. Verificamos que na produção dos padrões decorativos dos teçumes pela etnia Sateré-Mawé, há evidências relacionadas a certos conceitos e propriedades matemáticas, no entanto, quem produz muitas vezes não tem noção dessa relação. À visto disso, defendemos nesta pesquisa o reconhecimento que todas as culturas possuem o mesmo grau de importância e se influenciam mutuamente, não devendo uma sobrepor a outra, mas sim aproveitar o melhor de cada uma, dando espaço ao multiculturalismo. O conhecimento presente nas técnicas que os Sateré-Mawé dominam na produção dos teçumes, representa um sentido cultural e um diferencial social a etnia que possibilitará a integração, incorporação e construção de conhecimentos matemáticos indígenas e não indígenas, dessa forma, o conhecimento se tornará mais próximo de sua realidade e útil as necessidades da comunidade estudada. |