Os “piaçabeiros” no médio rio Negro: identidades coletivas e conflitos territoriais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Menezes, Elieyd Sousa de
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/0433892509045910
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Museu Amazônico
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Antropologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/3944
Resumo: No município de Barcelos-AM, médio rio Negro, as mobilizações políticas que acionam identidades coletivas estão vinculadas às idéias de que os agentes sociais podem assegurar seus direitos territoriais, que implicam na reprodução social de povos e comunidades tradicionais. Estes agentes estão mobilizados em associações, cooperativas, sindicatos e colônia de pescadores reivindicando acesso aos recursos naturais e território, que nesse caso, coexistem. São eles que se autodenominam “piaçabeiros”, pescadores e “patrõezinhos”, ou constituem povos indígenas (tariano, tukano, baniwa, baré, arapaço, werequena, tuyuca). A presente dissertação objetiva compreender a dinâmica dos conflitos territoriais em Barcelos-AM, tendo como a problemática central as implicações sociais desses conflitos para as práticas extrativistas da piaçaba realizada tradicionalmente pelos autodefinidos “piaçabeiros”. A designação “piaçabeiro” é marcada por descontinuidades no que tange a representação social destes agentes. Para a realização desta pesquisa foi necessário um empreendimento de quatro anos descontínuos de trabalho de campo junto aos agentes sociais mencionados acima, além de levantamentos documentais, bibliográficos e arquivísticos. Entrevistei um total de 40 agentes sociais entre os trabalhadores extrativistas, indígenas, pescadores e comerciantes da piaçaba. Com a reivindicação da demarcação da terra indígena, feita pelos próprios indígenas de distintas etnias do médio rio Negro a partir de 2001, mas oficializada em 2007 é intensificado os conflitos territoriais no município, que já se faziam presente com o domínio dos comerciantes de piaçaba designados de “patrões” nos igarapés que dão acesso aos chamados “piaçabais”. A unidade de produção designada de “piaçabal” não é somente o lugar de incidência da palmeira de piaçaba, tal unidade está, sobretudo, articulada em um complexo de relações sociais atreladas à prática extrativista. No âmbito destes conflitos, os agentes sociais mobilizados e articulados começaram a se distinguir e mobilizar (ALMEIDA, 2004) através de identidades coletivas, as acionando e buscando reconhecimento (FRASER, 2012) identitário para fazer pressão e assegurar o que eles consideram por direitos territoriais que estão articulados com a lógica ao acesso dos recursos naturais. Os trabalhadores extrativistas da piaçaba estão imersos nesse jogo de poder e subordinação entre o sistema comercial vigente (“aviamento”) e as reivindicações de acesso aos recursos que podem ser assegurados mediante o domínio do território.