Preservação dos saberes tradicionais de plantas medicinais no assentamento São Francisco, Canutama, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Carvalho, Dayanne de Souza
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/3137223552182077, https://orcid.org/0000-0002-3063-6793
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente - Humaitá
Brasil
UFAM
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7350
Resumo: Os conhecimentos fitoterápicos são elementos pertencentes à cultura popular e reforçar seu uso implica na manutenção da tradição das comunidades rurais. A utilização de plantas para o tratamento de doenças e benefícios à saúde constitui-se como uma alternativa socialmente viável e economicamente acessível. Neste contexto, o objetivo do presente estudo consistiu em realizar um levantamento etnobotânico de plantas com propriedades medicinais, presentes em quintais do assentamento São Francisco, no município de Canutama - AM. A metodologia constituiu-se na utilização do método da “bola de neve”, entrevistas semiestruturadas e turnês-guiadas, foi caracterizado o perfil socioeconômico de 32 moradores, do total de 269 famílias, descrito o uso das espécies vegetais com potencial terapêutico, analisada a percepção destes quanto à importância delas, assim como investigou-se os fatores que influenciam o emprego das plantas com fins medicinais. Determinou-se a importância relativa das espécies e avaliou-se o consenso sobre as indicações terapêuticas atribuídas pelos informantes. Também desenvolveu-se a coleta botânica e herborização. A maior parte dos entrevistados foi constituída por mulheres (59,4%), 59% dos entrevistados possuíam entre 41 e 60 anos, 66% apresentaram o Ensino Fundamental incompleto e 38% recebem somente um salário mínimo. O boldo (Plectranthus ornatus Codd) destacou-se como a planta medicinal mais importante. Em relação às formas de aquisição do conhecimento, nove pessoas citaram a família, com destaque para mãe, avós e pais. Foram registradas 85 espécies pertencentes a 40 famílias botânicas, destacando-se Lamiaceae (11 espécies) e Asteraceae (sete espécies). As espécies mais citadas foram boldo chinês (Plectranthus ornatus Codd), capim santo (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf.), crajiru (Friderica chica (Humb. & Bonpl.) L.G. Lohmann), erva-cidreira (Lippia alba (Mill) N. E. Br. ex P. Wilson), gengibre (Zingiber officinale (Willd.) Roscoe), hortelã-graúdo (Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng) e andiroba (Carapa guianensis Aubl.). Houve o predomínio de espécies exóticas (53%) e de ervas (48%). Quanto à importância relativa, andiroba e capim santo obtiveram o valor máximo (IR = 2). Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo e lesões de causa externa indicaram maior consenso entre os informantes. Inflamação, dor no estômago e gripe consistiram nas indicações que se destacaram. A folha fora a parte da planta mais utilizada. As formas de preparo mais representativas foram infusão e decocção. A pesquisa etnobotânica realizada no assentamento evidenciou a diversidade de espécies vegetais que são utilizadas para o tratamento de doenças e significativo conhecimento dos informantes acerca delas, o qual é transmitido de geração em geração.