O simbólico e o imaginário nas memórias de seringueiros do Médio Solimões, Amazonas : causos, cantorias e saraus no coração da selva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Marinho, José Lino do Nascimento
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5497619506698689
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8835
Resumo: Este estudo assume o propósito de analisar o contexto do simbólico e do imaginário, nas memórias dos seringueiros do Médio Solimões, no Amazonas centrado no espaço do seringal, enquanto expressão da sociabilidade e representação imaterial do cotidiano vivido. O tema seringal é tomado neste estudo não só como o lugar de exploração econômica, mas sobretudo, como o lugar da experiência vivida, dos causos contados ao luar, das danças de forró, das festas como realização da existência. O vivido é constatado por meio das narrativas dos participantes da pesquisa, sendo, pois, a colocação o espaço onde se constituiu a experiência individual e coletiva desses trabalhadores. A nossa intenção consistiu em procurar sabermos de que forma ocorreu a subjetivação do seringueiro em meio às agruras opressivas do seringal. A trilha metodológica assumiu o aporte da fenomenologia e das abordagens qualitativas, especialmente no que diz respeito à narrativa, em que o narrador é convidado a falar sobre sua experiência de vida, vivida no seringal amazônico. Dentre os múltiplos aspectos revelados é patente o fato de que os seringueiros venceram o medo de contrair doenças letais como malária, febre amarela, tifo, beribéri, hepatite, ataque de onças famintas, cobras venenosas, o medo imaginário da mãe da seringueira em fúria, do curupira enquanto guardião da floresta, dos pássaros agourentos e bichos visagentos, do encantamento dos botos, da sucuri ou jiboia personificada na cobra grande. Ficou claro o fato de que eles deram o sangue para enriquecer o país, produziram riquezas, mas não tiveram acesso a elas e foram duplamente enganados pelo patrão seringalista que nunca lhe pagou o saldo devido, e pelo Estado brasileiro, que também não lhes concedeu o benefício como soldado da borracha. Hoje estes trabalhadores já bem envelhecidos e doentes, convivem com a triste sina do herói sem recompensa e nenhum dos oito seringueiros, ouvidos nesta pesquisa, recebe o benefício de aposentadoria como soldado da borracha. Eles sobrevivem com um inexpressivo Benefício de Prestação Continuada do INSS que pode cessar a qualquer momento. Mesmo diante desse caos generalizado se dizem seres alegres, felizes e agradecidos à Deus pelo dom da vida. Palavras Chave – Amazonas. Seringueiro. Memória. Imaginário