Medicina endodôntica: associação entre desordens sistêmicas ou hábitos deletérios e a periodontite apical

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pinto, Karem Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Odontologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21631
Resumo: A medicina endodôntica estuda a relação bidirecional entre desordens sistêmicas e a periodontite apical. Existe evidência de que tanto a periodontite apical pode influenciar alterações sistêmicas, quanto o oposto. Entretanto, os mecanismos envolvidos nessa relação ainda precisam ser esclarecidos. Buscando avaliar as alterações metabólicas que possam estar envolvidas na associação entre doenças sistêmicas ou hábitos deletérios e a periodontite apical e revisar a literatura existente, a presente tese foi dividida em dois estudos. O estudo 1 avaliou o padrão ósseo periapical e os níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias, marcadores bioquímicos e metabólitos em ratos submetidos ao consumo crônico de álcool e/ou nicotina e indução de periodontite apical. Para tal, vinte e oito ratos machos Wistar foram distribuídos nos grupos Controle, Álcool, Nicotina e Álcool+Nicotina. Os grupos submetidos ao álcool foram expostos à autoadministração de solução alcoólica a 25% e os grupos submetidos à nicotina receberam injeções intraperitoneais diárias de solução com 0,19 μl de nicotina/mL. As polpas dos primeiros molares inferiores esquerdos foram expostas por 28 dias para indução das lesões periapicais. Após a eutanásia, as mandíbulas foram removidas e o osso periapical foi avaliado por imagens de microtomografia computadorizada. Amostras de sangue foram coletadas e as amostras de soro foram submetidas ao ensaio Luminex para medição de citocinas pró-inflamatórias, análises bioquímicas e metabolômicas. Os grupos submetidos ao consumo de álcool ou nicotina apresentaram padrão ósseo alterado indicando menor densidade óssea e maiores níveis de IL-1β, IL-6 e TNF-α, em relação ao grupo Controle. Também foram observadas diferenças significativas nos níveis de diversos marcadores bioquímicos e metabótitos. A maioria desses parâmetros foi ainda mais alterada no consumo simultâneo de ambas as substâncias, em comparação ao consumo único. O estudo 2 avaliou, através de uma revisão ¨guarda-chuva¨, as revisões sistemáticas que avaliam a associação entre periodontite apical e doenças sistêmicas crônicas. A busca sistemática foi realizada nas bases de dados PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde, Scopus, Cochrane, Embase, Web of Science e Open Grey. Foram incluídos nove estudos que atenderam aos critérios de elegibilidade. A ferramenta AMSTAR-2 foi utilizada para avaliação da qualidade de cada revisão sistemática incluída, que mostraram qualidade de evidência de “baixa” a “alta”. Observou-se associação positiva entre diabetes e periodontite apical com evidência limitada, nenhuma associação entre HIV e periodontite apical, e associação positiva entre periodontite apical e doença cardiovascular, distúrbios do sangue, doença hepática crônica, osteoporose e doenças autoimunes, com evidência moderada. Com base nos estudos, concluiu-se que desordens sistêmicas podem exacerbar a inflamação na periodontite apical, assim como lesões periapicais podem interferir em doenças sistêmicas. O consumo crônico de álcool ou nicotina tem efeitos prejudiciais sobre a periodontite apical através da alteração de vias metabólicas que levam ao aumento na produção de mediadores pró-inflamatórios, o que se mostrou ainda mais intenso no consumo simultâneo das duas substâncias.