Impactos da fragmentação de habitat sobre o clima: uma análise global

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mendes, Clarice Braúna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/5790
Resumo: A fragmentação de habitat pode tornar as paisagens mais quentes e secas devido ao aumento da quantidade de bordas em habitats. O processo também pode, entretanto, resfriar as paisagens e deixá-las mais úmidas, como descrito no fenômeno da brisa de vegetação (vegetation breeze). A plausibilidade dessas duas hipóteses alternativas ainda não é clara, uma vez que a magnitude dos efeitos da fragmentação de habitat sobre o clima foi raramente quantificada. Essa é uma limitação importante, pois a fragmentação de habitat pode afetar a estrutura das comunidades biológicas e o funcionamento dos ecossistemas. O objetivo deste estudo foi o de quantificar, pela primeira vez, os impactos da fragmentação de habitat no clima no nível da paisagem em escala global. Foram obtidos dados de satélite referentes à cobertura florestal (ano de 2000) e a cinco variáveis climáticas: temperatura diurna, temperatura noturna, temperatura diária (média entre diurna e noturna), albedo e evapotranspiração. As análises foram executadas separadamente para cada região climática (tropical = 20°S-20°N; temperada = 20°S-50°S e 20°N-50°N; boreal = >50°S e >50°N). Usando a abordagem analítica da janela móvel (moving window), foram comparados pares de paisagens com quantidade de habitat (cobertura florestal) semelhante (diferença <5%), mas níveis de fragmentação distintos (número de manchas florestais). Cada par continha uma paisagem relativamente mais fragmentada (> 10 manchas) e outra mais contínua (<10 manchas). Controlou-se os efeitos da altitude (<50 m) e calculou-se a diferença de cada variável climática entre as células de cada par de paisagens. Para investigar as relações entre as variáveis, foi utilizada uma análise de caminhos. A fragmentação de habitat diminuiu as temperaturas diária e diurnas nas três regiões climáticas do mundo. Por outro lado, a fragmentação reduziu a temperatura noturna nos trópicos, mas aumentou nas regiões temperada e boreal. Em todas as regiões climáticas, a fragmentação de habitat aumenta a área de contato entre a floresta e a matriz, resultando em resfriamento final devido à crescente evapotranspiração, à distribuição de umidade na paisagem e aos fluxos turbulentos de ar. Nas regiões temperada e boreal, entretanto, o aquecimento noturno provavelmente é decorrente da redução do efeito antagônico da evapotranspiração sobre o albedo nas manchas florestais. Os resultados indicam um efeito inesperado da fragmentação de habitat sobre a temperatura nas paisagens, trazendo novas implicações teóricas em escala global. Por essa razão, um novo modelo conceitual foi proposto, unificando os efeitos da fragmentação de habitat tanto em escala local, quanto na escala da paisagem