Vigilância epidemiológica e caracterização fenotípica e molecular de fatores de virulência empregando métodos in vivo e in vitro de amostras de Corynebacterium striatum isoladas de pacientes internados em Hospital Universitário localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro (2009 a 2018)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Souza, Cassius de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20525
Resumo: Recentemente se observa o aumento no relato de infecções nosocomiais por Corynebacterium striatum, principalmente em pacientes submetidos a procedimentos invasivos. Entretanto, estudos sobre fatores que possam contribuir para a virulência de C. striatum permanecem escassos. Nesse sentido, objetivamos a vigilância epidemiológica, caracterização fenotípica e molecular de fatores clínicos, microbiológicos e de virulência de amostras de C. striatum isoladas de pacientes internados em Hospital Universitário da região metropolitana do Rio de Janeiro. Os microrganismos foram submetidos às seguintes avaliações quali e quantitativas: (i) interações com superfícies abióticas in vitro (poliuretano, poliestireno, vidro, PVC, silicone e aço cirúrgico) e in vivo (poliuretano na região subcutânea de murinos e intraperitoneal de cobaias) e bióticas in vitro (proteínas séricas ou de matriz extracelular humanas – fibrinogênio, fibronectina e colágeno – e células monocíticas de linhagem U-937); (ii) susceptibilidade a agentes antimicrobianos e biocidas sob diferentes condições de tratamento; (iii) natureza da composição de biofilmes formados in vitro e in vivo; (iv) interação de C. striatum com nematóides Caenorhabditis elegans; (v) investigação pela técnica de PCR da presença de genes de resistência ermX (macrolídeos), tetA (tetraciclina), cmxB (cloranfenicol) aphA1(amino glicosídeos) e relacionados à expressão de fímbrias spaA, spaD e spaF no genoma da amostras de C. striatum; (vi) sequenciamento parcial do genoma da amostra MDS C. striatum 1961 BR-RJ/09 isolada de urina. Os resultados demonstraram diferenças, in vitro e in vivo, nas propriedades e no potencial de virulência de C. striatum. Até o presente momento a natureza multifatorial da virulência de amostras MDR e MDS de C. striatum foi evidenciada por diversos aspectos. Foram detectadas amostras MDR de C. striatum apresentando diferentes perfis clonais capazes de produzir biofilmes em diferentes níveis e substratos além de causar doenças graves, por vezes fatais, incluindo infecções hematogênicas e surtos nosocomiais. Na maioria dos casos os quadros clínicos foram relacionados a procedimentos de cateterização e principalmente a pacientes admitidos em centros de terapia intensiva submetidos a intubação endotraqueal. A maioria das amostras de C. striatum apresentou-se MDR além de expressar níveis variados de tolerância a desinfetantes e antissépticos de uso hospitalar testados incluindo glutaraldeido e acído peracético considerados de alto nível, tanto para formas planctônicas quanto para as sésseis, inclusive a amostra MDS 1961 isolada de urina. Os genes ermX, cmxB, aphA1 foram detectados apenas nas amostras MDR, enquanto o gene spaD foi detectado em ambas amostras, todas biofilme-positivas. As amostras de diferentes pulsostipos de C. striatum foram capazes de causar 60% a 100% de morte de C. elegans com ocorrência de bagging em todas as amostras e formação de estrelas exceto para amostra 1987. O fenótipo Dar foi observado pós-infecção com todas as amostras MDR. C. striatum foi capaz de produzir biofilme na superfície de cateter de poliuretano inserido no tecido subcutâneo de murinos após 48h de inoculação. Adicionalmente foram detectadas alterações hematológicas incluindo trombocitopenia e presença de agregados plaquetários, além de, anisocitose e leve policromasia, aumento do número de neutrófilos segmentados, e presença discreta de monócitos ativados na hematoscopia, sugerindo uma inflamação e/ou reação infecciosa. Habilidades como formar biofilmes em superfícies diversas que constituem a maioria dos dispositivos utilizados no ambiente hospitalar, resistência e/ou tolerância a múltiplas drogas, difícil identificação e escassez de estudos sobre aspectos relativos a seus fatores de virulência colaboram para o estabelecimento e disseminação de C. striatum em ambiente hospitalar, tornando C. striatum um patógeno perigoso. Desta forma, novos estudos esclarecendo características fenotípicas e moleculares permanecem necessários para o conhecimento e consequentemente adoção de medidas eficientes para o diagnóstico, controle e erradicação das infecções por C. striatum.