“Reading-while-walking”: a nomadology of the troubles in Anna Burns’s fiction
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17585 |
Resumo: | Os três romances publicados de Anna Burns têm a Irlanda e o Conflito da Irlanda do Norte (1968-1998) em seus centros. Esta tese argumenta que, se lida em um referencial nomadológico (BRAIDOTTI, 2011; DELEUZE; GUATTARI, 1987), a escrita de Burns tenta desfazer a violência sectária ao interferir direta ou indiretamente nas narrativas históricas cristalizadas do Conflito, ao se envolver com a literatura como uma linha de fuga de construções binárias estagnadas, e ao testemunhar o trauma coletivo do conflito como princípio estético e político de sua ficção, especialmente se tomarmos Milkman (2018) como ponto de partida para tal investigação. Neste romance, o hábito da Narradora de ler livros enquanto caminha surge como um impulso nômade que ela põe em prática não apenas pela recusa em aderir às categorias fixas disponíveis para ela em uma comunidade organizada pela diferença sectária, mas também por um processo de reescrever o espaço público e tornar-se inacessível por meio de um desaparecimento na literatura, seu “reading-while-walking”. Esse hábito, que a leva a ser alienada como uma “beyond-the-pale”, aparentemente faz parte de um esforço no sentido de um não-engajamento, mas inadvertidamente chama mais atenção para ela. Isso também se torna um grande ponto de controvérsia no romance, pois o corpo da Narradora, também identificada como Irmã do Meio, torna-se objeto de intenso escrutínio. Organizada em três capítulos, esta tese produz uma leitura da escrita de Burns no contexto dos estudos irlandeses contemporâneos e propõe que seus três romances podem ser lidos como uma nomadologia do Conflito da Irlanda do Norte. O capítulo 1, “Anna Burns’s Troubles Fiction: The Belatedness of Trauma”, argumenta que a ficção de Burns pode ser lida como uma resposta à lógica progressista do Acordo de Belfast (BFA) e sua prescrição para “seguir em frente”. Este primeiro capítulo analisa No Bones (2001), Little Constructions (2007) e Milkman (2018) a fim de estabelecer uma visão geral das estratégias narrativas de Burns e de suas diferentes abordagens do trauma e do Conflito nestes romances. O capítulo 2, intitulado “Milkman as a Response to Sectarian Binaries: Anna Burns’s Cast of ‘Beyond-the-Pales’”, propõe que os “beyond-the-pales”, os párias do distrito em Milkman, atuam como uma máquina de guerra deleuziana (DELEUZE; GUATTARI, 1987, p. vii) no romance, insurgindo-se contra qualquer tipo de poder sedentário. O capítulo analisa todos os personagens colocados nesta categoria no romance, bem como as origens do termo na história irlandesa. O capítulo 3, intitulado “Middle Sister’s Literary Companions”, aborda o papel da Narradora como contadora de histórias e divide as referências e alusões literárias feitas em Milkman em três categorias: livros lidos pela Irmã do Meio que estão ligados a reading-while-walking, livros das suas irmãs mais novas e referências significativas feitas de forma breve. Considerando a centralidade que a literatura e o ato de ler assumem no romance, este capítulo final se debruça sobre as escolhas de Burns, argumentando que as obras e os modos de leitura da Irmã do Meio são cruciais para seu processo de tornar-se Narradora. A coda desta tese oferece um comentário final sobre os resultados obtidos no processo de pesquisa e apresenta novos rumos e ramificações que esses temas podem oferecer no futuro |