Vulnerabilidade e Segurança Alimentar e Nutricional em uma comunidade de pescadores do município de Macaé

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Mendonça, Elisa Proença da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23200
Resumo: A Política Brasileira de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) tem como principal grupo focal as chamadas comunidades tradicionais, tais como comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas e pescadores. A relevância da SAN no contexto nacional pode ser entendida considerando-se o processo histórico de marginalização e pelas crescentes dificuldades que essas comunidades enfrentam atualmente. A SAN reafirma a importância da sustentabilidade no modo de produção de alimentos desses grupos sociais. Estudos sobre a SAN em comunidades tradicionais tendem a limitar-se nos aspectos relacionados ao acesso aos alimentos, ignorando, muitas vezes, a reflexão referente a outros aspectos tais como as diversas dimensões envolvidas no cotidiano de vida das pessoas: saúde, tradição, cultura e sustentabilidade. O presente estudo objetivou pesquisar o contexto de SAN à luz da construção de uma categoria de análise, a Vulnerabilidade Alimentar (VA), identificando elementos socioculturais no contexto do acelerado desenvolvimento urbano e suas implicações para a SAN dos pescadores da Colônia Z-03 de Macaé/RJ. Como método foi feita revisão bibliográfica de artigos e documentos envolvendo SAN e a concepção de vulnerabilidade; observação direta no cais, locais de comércio de pescado e na região do bairro Barra de Macaé; e entrevistas com doze pescadores da Colônia. O município de Macaé apresenta peculiaridades decorrentes de seu explosivo crescimento econômico baseado na exploração petrolífera, que se apresentaram como uma ameaça à conquista da liberdade, e que poderia ser minimizada pela participação desses grupos em decisões políticas. Os elementos de VA no âmbito pessoal, especificamente em suas práticas de alimentação, identificados nas diferentes dimensões da SAN, estão relacionadas às mudanças urbanas com o deslocamento da comunidade pesqueira para locais mais distantes da praia, com sua pouca infraestrutura, com a disputa pelo espaço marítimo e perda de liberdade. No âmbito social, a VA esteve associada às poucas orientações e cuidados com alimentação, juntamente com a deficiência nos ativos sociais disponíveis, principalmente na atuação das entidades de pesca em questões que aumentariam a rentabilidade da pesca como subsídios para combustível. Nesse sentido, as estratégias de proteção e desenvolvimento do município não promovem uma melhoria das condições de vida e alimentação dos pescadores, pois não se guiam pelas especificidades de suas demandas e não promovem coesão social, ao contrário, incentivam um individualismo com uma competitividade que reforça as relações desiguais da migração com a extração de petróleo. A liberdade que poderia ser um fim e o meio para o processo de desenvolvimento econômico da cidade, enquanto participação de todos, está cada vez menos presente nas condições de SAN dessa comunidade.