Da refração à referenciação: ponto de vista narrativo e contraimagem do burguês em Drácula de Bram Stoker

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Azevedo, Rodrigo Lopes Costa Onofre de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19397
Resumo: O presente trabalho pretende questionar a tese do crítico italiano Franco Moretti em seu livro O burguês: entre a história e a literatura por duas frentes. A primeira envolve sua concepção de literatura como uma refração da realidade: a dissertação trabalhará com a imagem do burguês sendo elaborada em um processo de referenciação, dando destaque para como essa imagem é construída textualmente, e não com a literatura como uma ferramenta que permite alcançar – mesmo que indiretamente – a “realidade”. Em suma, no lugar da refração, a referenciação. A segunda frente trabalha com o romance gótico inglês, escrito por Bram Stoker, Drácula, como um contraexemplo da imagem do burguês desenvolvida por Moretti: enquanto o crítico defende uma estabilidade dessa imagem como sendo a de uma figura pouco notável, não heroica, raramente relacionada a atributos como bravura e coragem, Stoker constrói seus personagens principais em Drácula, pertencentes à classe burguesa, como figuras que não se distanciam de conceitos como coragem em sua luta contra o aristocrata estrangeiro vampiro. Ao observar de perto o texto do romance, analisaremos como o ponto de vista dos personagens principais, que também são os narradores, vai enquadrar o estrangeiro em uma chave orientalista, nos mesmos moldes estudados por Edward W. Said em Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente, associando-o a termos negativos como “bárbaro”, “depravado” e “irracional”. Dessa forma, o ato de construir a imagem desse “outro” estrangeiro como uma figura monstruosa, em um verdadeiro discurso de ódio, permite aos personagens alçarem-se ao posto de herói para combatê-lo. O presente trabalho de mestrado, portanto, almeja questionar a concepção de literatura de Franco Moretti em O burguês, enquanto discute como essa concepção impõe uma homogeneização falsa à imagem do burguês. Esta dissertação irá seguir caminho contrário ao de Moretti, entendendo a imagem como sendo construída textualmente em um processo, o que permite a existência de contraimagens possíveis à alcançada por Moretti em seu livro, como, por exemplo, aquela do burguês herói oferecida por Drácula de Bram Stoker.