A influência ruralista na política externa do governo Bolsonaro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Madureira, Eduardo Morrot Coelho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Estudos Sociais e Políticos
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciência Política
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19331
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a influência dos ruralistas na política externa do governo Bolsonaro (2019-2022). Inicialmente, realiza-se uma reflexão sobre as classes sociais na Análise de Política Externa, compreendendo sua importância nos conflitos distributivos e, a partir de um referencial teórico marxista, constrói-se uma proposta de abordagem das classes sociais na política externa a ser utilizada no estudo. Em seguida, define-se os ruralistas como a manifestação política da burguesia rural, controladora dos meios de produção no agronegócio, e apresenta-se o contexto político-econômico mundial em que se insere e suas principais organizações de classe. Com essa definição, estuda-se as análises anteriores sobre o agronegócio na política externa brasileira e reflete-se sobre o crescimento econômico e a organização política do setor no Brasil. Argumenta-se, então, que esses dois fatores foram alavancados pela crise político-econômica desencadeada no país a partir de 2015 e possibilitaram aos ruralistas um enorme poder de influência sobre o executivo. Esse poder teria lhes possibilitado exercer uma posição de proeminência na política externa dos governos Temer (2016-2018) e, sobretudo, Bolsonaro. Analisando esse último governo, apresenta-se como a força dos ruralistas e a simpatia da gestão fez com que se intensificasse o esforço governamental para cumprir as demandas do agronegócio no âmbito externo, inclusive quando implicavam prejuízos distributivos a outros setores da economia nacional. Apesar disso, demonstra-se como ações pautadas pela ala ideológica do próprio governo impediram avanços em negociações de interesse dos ruralistas e significaram riscos para o setor. A hipótese apresentada é de que, diferentemente das questões internas em que o governo tem maior capacidade de ação direta, na lógica das relações internacionais a imagem negativa do governo interfere na sua capacidade de negociação externa. Assim, ainda que os ruralistas tenham usado sua força política para, na prática, moderar a política externa do governo e impedir maiores prejuízos comerciais, foi nessa área que surgiram a maior parte das tensões entre o setor e o governo. Por fim, avalia-se o significado dessa maior influência ruralista na política externa brasileira, defendendo o argumento de que ela pode reforçar uma inserção dependente do país na economia política internacional e expandir uma lógica de consumo problemática do ponto de vista ambiental, sanitário e ético