Mídia policial, sistema penal e(m) discurso: A cobertura do Caso Lázaro Barbosa pelo programa Cidade Alerta e o circuito de extermínio da juventude negra brasileira
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Faculdade de Direito Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Direito |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22436 |
Resumo: | O presente trabalho tem como escopo compreender o papel da mídia para práticas de violência situadas no marco do projeto de extermínio da juventude negra no Brasil, a partir do estudo da cobertura jornalística do programa Cidade Alerta (Record TV) no Caso Lázaro Barbosa. Para tanto, perpassa pelo estudo das relações entre racismo, mídia, discurso e sistema penal, a partir da criminologia e da política criminal, em um viés crítico. Dentro deste paradigma, observa-se a função desempenhada pela disseminação do medo nas políticas de controle e repressão historicamente executadas no território brasileiro e, ainda, no estado de Goiás, onde a operação de buscas a Lázaro Barbosa foi realizada. Nesse sentido, a pesquisa bibliográfica será pautada pelo estudo da literatura temática, com destaque para Vera Batista (2003a e 2003b) e Nilo Batista (2002 e 2003), no campo da criminologia e da política criminal; Stuart Hall (2016), Michel Foucault (1996) e Van Dijk (2018) na análise de discurso e reprodução do racismo nos meios de comunicação em massa; Kléber Mendonça (2001) no estudo sobre o programa policialesco Linha Direta; Eliézer de Oliveira (2006) na investigação do medo e das narrativas de catástrofe no estado de Goiás. O corpus de análise consiste nas edições do telejornal entre os dias 09 a 29 de junho de 2021 e os resultados foram divididos metodologicamente a partir das estratégias de representação de Lázaro (o Mal), da Polícia e do próprio Programa (o Bem) na narrativa forjada pelo telejornal, guiada por uma lógica de guerra elevada ao nível celestial, entre Deus e o Diabo. Além disso, destacam-se os processos enunciativos de antecipação e legitimação da morte de Lázaro, assim como as consequências possibilitadas pela transcendência de sua imagem, seja na punição de seus familiares, seja em violências no interior do circuito de extermínio da juventude negra brasileira. A cobertura do caso pelo telejornal, realizada de modo simultâneo, imediato, instantâneo e “exclusivo” impulsionou a disseminação nacional do medo e de um estado de alerta, possibilitando a prática de violência contra sujeitos integrantes de grupos historicamente marginalizados, alvos preferenciais do sistema penal brasileiro, que tem na mídia uma de suas principais agências investigativas e executivas. |