Terecô maranhense: perseguição e intolerância aos saberes dos encantados (1890-1950)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Alcantara, Giseuda do Carmo Ananias de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17224
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo discutir como a nova forma de política de Estado de modernização do país, que estava em pauta no final do século XIX e início do século XX, se relaciona com a perseguição aos terreiros de Terecô e suas práticas de cura. O período analisado pelo presente trabalho é o intervalo entre os anos de 1890 e 1950. Inicialmente, abordo a tradição do Terecô, seus encantados e a ancestralidade na diáspora. Num segundo momento, discuto os saberes dos encantados no Terecô, a prática da pajelança maranhense e a relação entre pajelança e o Terecô. Num terceiro momento, busco uma discussão mais ampla e complexa, além da questão local, demonstrando os fatores sociais e políticos que desencadearam as perseguições aos agentes de cura das tradições negro- brasileiras, desde o período colonial. Em seguida, parto para uma análise sobre a intolerância e perseguição ao povo dos encantados, encarados como o avesso da civilização, a partir da discussão sobre as tentativas do Estado de silenciar e tornar invisíveis as tradições negro-brasileiras que apresentavam características terapêuticas, como é o caso do Terecô. Além disso, abordo o papel das leis como instrumentos de controle e repressão do Estado contra tais tradições, bem como uma leitura do discurso construído pelos jornais sobre a pajelança ou curandeirismo no Maranhão, no período pesquisado pelo presente trabalho. A proposta metodológica utilizada na execução deste trabalho centrou-se na pesquisa e análise documental de textos jornalísticos e documentos legais que tratam das perseguições e criminalização às práticas de cura e seus agentes, no período analisado pelo mesmo, e uma revisão bibliográfica, com abordagem histórica em obras que tratam dos temas em questão. As perseguições e intolerância aos saberes dos encantados, práticas terapêuticas presentes no Terecô, acionadas pelos aparatos repressores do Estado e pela imprensa, durante o recorte temporal do presente trabalho, faziam parte da tentativa de construção de uma ideia de nação e de uma identidade nacional, a partir de uma base mestiça unificada que se deparou com uma desqualificação identitária dos costumes e das formas de pensar e sentir dos negros.