Quando os cariocas paqueram: a comédia erótica no Rio de Janeiro dos anos 1970 e suas transgressões frente à ditadura militar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Vogel, Carlos Guilherme
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Comunicação Social
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Comunicação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22977
Resumo: Este estudo percorre a trajetória da comédia erótica produzida na cidade Rio de Janeiro dos anos 1970, um ciclo de produções cinematográficas de apelo popular que tinha no riso e no erotismo seus principais artifícios para conquistar o público. Bastante criticadas por perpetuarem estigmas e preconceitos de cunho social, as comédias eróticas também transgrediram regras e afrontaram censores da Ditadura Militar, assim como setores mais conservadores da sociedade. Partindo da hipótese de que essas obras realizadas na capital carioca, durante a década de 1970, indicam a existência de um ciclo de produções com características específicas, que difere de produções do gênero realizadas em outras cidades do país, notadamente em São Paulo, este trabalho tem como objetivo principal traçar um panorama da produção de comédias eróticas no Rio de Janeiro, nos anos 1970, identificando os elementos que caracterizam essas obras e a forma como elas dialogam com questões sociais e políticas do período em que foram realizadas, através das transgressões aos padrões de comportamento vigentes e às regras impostas pelo departamento de Censura da Ditadura Militar. A construção desse conhecimento se inspira na Arqueologia do Saber, proposta por Michel Foucault, como forma de compreensão do discurso que permeia a comédia erótica e a qualifica. A análise fílmica figura como principal metodologia proposta, sendo o corpus de análise formado por filmes do período, realizados por produtoras localizadas na cidade do Rio de Janeiro. No entanto, essa análise se estende a outros elementos, como os arquivos da Divisão de Censura e Diversões Públicas; diálogos com profissionais da época e seus familiares; e também uma série de estudos sobre o tema, produzida pela academia ao longo de diversos anos. A tese se divide em seis capítulos, todos batizados com o nome de filmes analisados e que constroem as percepções sobre o ciclo a partir de diversos elementos: 1. A caracterização da comédia erótica desde suas origens e influências; 2. A sexualidade, a liberdade sexual dos anos 1960 e 1970 e o papel da mulher nos filmes do ciclo; 3. A representação da masculinidade; 4. A representação da cidade do Rio de Janeiro; 5. A análise dos dossiês da Censura; e 6. As transgressões identificadas considerando os filmes analisados. O resultado da pesquisa permitiu uma compreensão detalhada sobre o ciclo de produções e sua forma de diálogo com a sociedade, perpetuando determinados comportamentos e oferecendo alternativas e reflexões, através das pequenas brechas que se abriram em meio ao pesado cerco da Censura vigente. A comédia erótica encerrou a década de 1970 apontando novos caminhos para o cinema nacional, mas sua influência tanto na cinematografia quanto em outras formas de arte e entretenimento permanecem até os dias atuais.