Samba-enredo carioca e outras “coisas nossas”: A percepção discursiva das contradições sociais pelo samba e pelo direito
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Faculdade de Direito Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Direito |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19410 |
Resumo: | A pesquisa se propõe a investigar de que forma(s) o samba-enredo carioca apreende, discursivamente, no recorte temporal de 1980 a 2023, o dispositivo procedimental de promessa ou expectativa normativa da narrativa jurídica. Parto da hipótese de que o samba compreende esse fenômeno em temporalidades e processualidades diversas das do discurso jurídico. Ao passo que o direito se ancora na pretensão de represamento das contradições sociais, a partir da neutralização discursiva dos conflitos e de lançamento de uma espécie de “solução normativa” para o futuro, o processo criativo carnavalesco alicerça as próprias bases de sua enunciação narrativa nas contradições do presente. Não pretendo proceder a uma análise dicotômica, mas, sim, atentar para a materialidade social plural envolvida. Outra precaução importante diz respeito ao esforço de não secundarizar a arte ou tomá-la como uma espécie de fuga da realidade, ou mesmo como um instrumental à assim chamada análise jurídica. Nessa linha, a introdução da tese se dedica a uma abordagem metodológica que abarca tanto as precauções que guiam o estudo na aproximação entre direito e arte, quanto os aspectos mais diretamente ligados à organização da pesquisa: problema, hipótese, conceitos, delimitações, fontes e estruturação do texto. O primeiro capítulo se debruça sobre as relações entre o direito (em sua conotação ampliada), as disputas na formulação de sentidos acerca dos fenômenos sociais e o elemento-chave da contradição. Divide-se, basicamente, em dois momentos: (i) as apreensões da construção de sentidos jurídicos e discursos sociais a partir da perspectiva do materialismo histórico dialético; (ii) os fundamentos e desdobramentos da concepção de contradição, seja em sua condição de pressuposto do pensamento, em sua compreensão na obra de Gramsci, e nas relações entre contradição social e direito. O segundo capítulo aprofunda o debate sobre discurso, cultura e samba-enredo. Passa por uma investigação sobre a noção de discurso em Bakhtin e Volóchinov, as imbricações entre cultura e ação política em Gramsci, a trajetória histórico-social das escolas de samba (permeada por contradições sociais), e uma aproximação entre discurso do direito e do samba. O terceiro e o quarto capítulos partem do aporte mais direto do material empírico, que consiste nas fontes atinentes à enunciação carnavalesca (como letras de samba e registros fotográficos, audiovisuais e fonográficos dos carnavais), bem como nos assim chamados documentos jurídicos sobre processos históricos correlatos (como justificativas a projetos de lei, pronunciamentos de agentes públicos, dentre outros). O quinto e último capítulo pretende recobrar as conexões entre os anteriores, por meio da proposta de refletir sobre as relações entre os discursos do samba-enredo e do direito a partir de uma perspectiva não dicotômica. Esse capítulo se propõe a dialogar com os múltiplos sentidos de contradição que se desvelaram ao longo da tese (e que suplantam, inclusive, o sentido traçado na delimitação inicial da hipótese de pesquisa): (i) contradição como condição do processo criativo artístico; (ii) apreensões de contradição pelo samba e pelo discurso jurídico; (iii) contradição em suas relações com a problemática da desigualdade social e da sociabilidade capitalista. |