A memória de Cleópatra VII, através do discurso de Suetônio na obra, a vida dos doze Césares (I a.C.)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Diogo, Nilson de Jesus Cassoma
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16736
Resumo: Cleópatra VII é uma personalidade cuja notoriedade, a tornam impar e conhecida desde a própria Antiguidade, como uma grande estadista, e sobretudo como a consorte não oficial de generais romanos no século I a. C, Júlio Cesar e Marco Antônio. Além disso, a ela, são atribuidos uma estonteante beleza e uma capacidade inventiva cativante, como a propalada “lenda” de que teria entrado no palácio de Júlio Cesar em Alexandria, escondida dentro de um tapete, sendo revelada somente na presença do general romano, que teria ficado cativado com sua inteligência, estando definitivamente presente no imaginário social da Antiguidade e da contemporaneidade, para além de sua condição de nobreza, como integrante da dinastia Ptolomaica. A protagonista, foi inclusive, retratada em diversas obras de arte, ora sob o prisma romântico, ora sob o prisma politico, que vão desde as peças teatrais, como as mais clássicas de Shakespeare, até obras do Cinema, cada qual, tendo uma apropriação singular da biografia escrita sobre Cleópatra , em especial, na biografia escrita por Suetônio, que lastreia a constituição de sua memória. E tal como se repete em praticamente, todas as obras publicadas a respeito de sua memória, persiste o silencio em torno do fato de a protagonista ter sido a Sacerdotisa de Ísis. Nesta questão e nos meandros subjacentes a este silencio e á sublimação em torno dos aspectos pertinentes a ela, atravessando as esferas da uma sociedade romana, em franca transformação e onde os cultos estrangeiros eram assimilados conforme se dava a expansão territorial de Roma. O fato de o culto a Ísis, ser o maior e mais difundido culto oriental de mistérios, contribuiu de maneira decisiva para o sucesso da protagonista em se portar em posição de igualdade perante os magistrados romanos, e este elemento é sublimado por Suetônio. Pelo que verificamos, a presença de Cleópatra em tal posição, desafia definitivamente o Mos Maiorum, e revela a dinâmica da forte circularidade cultural, que proporcionou a protagonista, projetar-se em nível de igualdade para com magistrados romanos, posto que eles exerciam de forma simultânea, os papéis administrativo e sacerdotal, presidindo as principais cerimônias cívicas e litúrgicas da Urbs, e administrando territórios provinciais, o que no caso de Cleópatra, equivale ao papel de um procônsul. Porém deteremos o foco desta pesquisa nas razões subjacentes para o silêncio de Suetônio em torno do sacerdócio da protagonista, e das relações deste fenômeno, com a singularidade aferida pelo culto a Ísis em território grego e romano, e a forma não dita, de como os monarcas helenísticos, Cleópatra a frente, se tornaram os modelos de governança para o principado, uma vez que este culto, influiu de forma decisiva na construção da identidade romana.