“Qualquer coisa dá e sobra”: as Representações Sociais de Pobreza nas relações sociopedagógicas em uma instituição socioeducativa na periferia de São Gonçalo-RJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Dias, Thiago Simão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Educação - Processos Formativos e Desigualdades Sociais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22896
Resumo: A presente dissertação propôs uma discussão sobre a temática da Pobreza, mediante uma abordagem psicossocial, e teve o objetivo geral de compreender as possíveis representações sociais de pobreza e suas implicações na organização das relações e práticas socioeducativas de um grupo de profissionais atuantes em um espaço não escolar, no 4° distrito do município de São Gonçalo, no Leste Fluminense. Os objetivos específicos foram: identificar as representações de pobreza a partir da interação social dos educadores sociais e seus educandos dentro do campo de atuação socioeducativo; verificar como os educadores sociais se apropriam dessas representações nos seus relacionamentos no campo socioeducacional; e analisar de que maneira estas representações participam do desenvolvimento das práticas socioeducativas para com os sujeitos empobrecidos. O aporte teórico principal fundamentou-se em: Serge Moscovici, para tratar da Teoria das Representações Sociais (TRS); Willem Doise, com a abordagem societal das Representações Sociais (RS); Ferreira, com os estudos das RS de pobreza; e Baptista, com a Pedagogia da Hospitalidade (PH) enquanto proposta dentro da Pedagogia Social (PS). Sendo uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa, utilizou-se, como ferramentas metodológicas: a confecção de diários de campo e realização de entrevistas semiestruturadas. A metodologia de pesquisa, de caráter descritivo, é inspirada na Fenomenologia de Edmund Husserl, conforme refletido por Depraz e proposto por Ferreira como instrumento para observação de espaços socioeducativos. O método de análise aplicado foi a Análise Retórico-Filosófica do Discurso (ARFD), inspirada em Aristóteles, organizada a partir de Reboul, e reestruturada para as RS por Mazzotti e Ferreira. Nos principais resultados, evidenciou-se que existem representações sociais de Pobreza entre os educadores constituintes de imagens simbólicas das alteridades enquanto “educandos-empobrecidos”. Tais RS têm como seu núcleo figurativo a “falta” simbólica, supostamente, de ordem ontológica, condensada pela metáfora “Eles não têm a luz”, sustentado que o “outro-empobrecido” é um “ser da falta”. Essas “faltas”, organizadas nos discursos a partir de foros temáticos, expressam os seguintes tipos de pobrezas ou “faltas”, a saber: de cultura; de relações sociais adequadas; de afeto; de estrutura familiar e de perspectiva de futuro. Assim, infere-se que as RS de pobreza criam mecanismos para manter as práticas-didáticas e o funcionamento das dinâmicas interpessoais que visam atender as demandas da Instituição em detrimento das necessidades reais dos educandos. Conclui-se que, as RS de pobreza afetam negativamente as práticas pedagógicas e as relações sociais vivenciadas entre educadores e educandos, não havendo indícios de que os profissionais trabalhem com uma orientação pedagógica que se debruça nos conceitos específicos da PH. Com isso, não se criam laços sociais e processos emancipatórios, mas sim, dependências afetivas. Nesse contexto, os educando-empobrecidos permanecem com as suas carências mais urgentes recebendo uma educação pobre para os pobres.