Entre sinapses e hormônios: medicalização do amor, subjetividades e a bioética dos afetos e das intimidades.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Griner, Arbel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4495
Resumo: Neste trabalho mapeamos e analisamos relações entre (a) espaços, conceitos e práticas de produção de conhecimento formal, (b) o forjamento de categorias de saúde e doença, e (c) oferta e prática de técnicas e tecnologias de cuidado. A pesquisa ora apresentada explora a literatura sobre a medicalização do amor a partir de seus autores e das teorias neurocientíficas que lhe servem de referência. Por meio da exploração desses materiais, procuramos resgatar a genealogia de ideias-força relevantes para a medicalização do amor, e que agem em perguntas de pesquisa, protocolos de experimentação, triagem e diagnósticos, tratamentos e, portanto, sobre modos de subjetivação e arranjos afetivos e íntimos. Trata-se de olhar, portanto, para o trânsito de ideias e práticas entre diferentes disciplinas científicas, instâncias de supervisão como a bioética, políticas públicas e senso comum. Consideramos os materiais bibliográficos analisados neurobionarrativas que situam no corpo a afetividade humana e que, por assumirem a reprodução como fim último da manifestação dos afetos, contam tipos prescritos de arranjos íntimos. O texto articula os materiais bibliográficos que coproduzem a medicalização do amor com entrevistas realizadas ao longo da pesquisa de doutorado e com a etnografia de um curso de ética pragmática na universidade de Princeton, frequentado entre setembro e dezembro de 2017. Por meio das entrevistas com bioeticistas, acessamos modos de praticar e conceber bioética hoje e a interlocução bioeticista com outros campos de saber/poder. A entrevista com um psiquiatra do ambulatório de tratamento de amor patológico de um hospital em São Paulo ajuda a ilustrar a aplicação prática de conceitos trabalhados na bioética e nas neurociências, em sua operação no âmbito da produção de diagnósticos, de pacientes, e de formas de cuidar. Com base em conceitos analíticos produzidos no âmbito dos estudos sociais da ciência e da tecnologia, na literatura formulada em torno do conceito de biossocibilidade, e também com referências à teoria crítica e feminista, procuramos iluminar criticamente um emaranhado de ideias, estilos, convenções e fazeres que transitam entre e conectam laboratórios e institutos de atração internacional de atenção e recursos e a saúde pública oferecida pelo Estado. Na montagem dessa cartografia, lançamos luz também sobre diferentes modos, espaços e tempos de subjetivação, que variam entre limites e possiblidades encontrados em meio a distintas perspectivas teóricas e práticas de cuidado e redesenho de si. O trajeto permite estabelecer contato, por fim, com as transformações que rondam a ideia de subjetividade em si. O trabalho aponta para uma pluralidade de ideias e ideologias em interlocução, mas também para os nexos onde se encontram e em que consensos e dissensos são produzidos. O sujeito com que se relacionam mostra-se um farmaceuticalizado, acessado mais por taxas bioquímicas que por sua singularidade, tratado (e cobrado) a partir da avaliação moral de seus comportamentos.