Herança e promessa na política curricular do Profaps: a subjetivação dos técnicos da saúde nos discursos da integração ensino-serviço e da profissionalização
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Educação |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16744 |
Resumo: | Esta tese tem como temática central as políticas curriculares de educação profissional de nível médio em saúde, e compreende a investigação dos processos de subjetivação dos técnicos a partir dos discursos hegemônicos no Profaps. Assumindo uma perspectiva pós-estrutural, busco na Teoria do Discurso de Laclau e Mouffe e na desconstrução de Derrida os aportes para entender a política como ontologia do social. Com a apropriação destes registros ao campo do currículo, principalmente pelos trabalhos de Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo, as políticas curriculares são interpretadas como luta pela significação do que vem a ser o currículo, a educação e a saúde. Detenho meu interesse na investigação de duas formações discursivas que hegemonizaram a formação técnica em saúde nas últimas décadas e que emergem (im)possibilitadas pelo antagonismo ao discurso flexneriano e ao trabalho não qualificado: a integração ensino-serviço e a profissionalização. Como textualidades da política, foram investigados documentos assinados na esfera oficial, revistas jornalísticas de comunidades políticas e publicações acadêmicas. Na reativação das contingências que propiciaram a sedimentação destes discursos, destaco a herança como condição de emergência do Profaps e a estrutura de promessa como parte de uma lógica política que busca suturar a falta constitutiva da objetividade social. Argumento que tais discursos não promovem aquilo que pretendem afirmar. Pelo contrário, ao atribuírem à formação o poder fantasmático de realizar a mudança do modelo de atenção e a profissionalização, insistem em dar um conteúdo normativo para o currículo e subjetivam os técnicos como agentes improváveis da mudança do modelo de atenção, como trabalhadores subordinados e profissionais competentes nos marcos do gerencialismo. Afirmo que a integração ensino-serviço na formação de técnicos é sustentada pela construção discursiva da impossibilidade de os trabalhadores ausentarem-se de suas atividades para os processos formativos, constituindo-se num arranjo precário que disputa os espaços da rotina dos serviços e privilegia a dimensão prática do saber-fazer. Argumento que o discurso da profissionalização envolve um messianismo escatológico que anuncia a emancipação, a eficiência e a qualidade via desenvolvimento de competências. Por meio de uma operação metonímica, a profissionalização é reduzida à formação, apagando ou excluindo as demais dimensões dessa significação. A tentativa de superar a matriz disciplinar favorece a articulação do discurso da integração ensino-serviço com a pedagogia das competências, hegemonizando os sentidos da profissionalização. Na defesa da mudança na formação, as tradições da saúde coletiva e do modelo biomédico gerencialista são deslocadas, articulando-se em defesa da normatividade dos currículos e da centralidade dos conhecimentos. Questiono a possibilidade de se estabelecer fundamentos epistemológicos e identitários capazes de suturar, de uma vez por todas, a adequação de conteúdos e de perfis profissionais às necessidades de saúde. Defendo, pelo contrário, que a política não deve ser entendida apenas como a produção de um centro, a fixação de um sentido, mas também como produção da instabilidade, de linhas vazantes de significado, de novas articulações hegemônicas e novas possibilidades de ser profissional. |