Por eles mesmos: o que as autobiografias dos sujeitos chamados autistas revelam acerca de suas experiências escolares?
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação de Ensino em Educação Básica - CAp UERJ |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19781 |
Resumo: | O autismo, tantas vezes enigmático, admirável, imediatamente incompreensível - desperta curiosidades, encantos e angústias. Em meio a tudo isso, o ambiente escolar apresenta muitas dificuldades diante dessa singularidade e, em movimento crescente, parece buscar esclarecimentos sobre ela. O objetivo desta pesquisa é caracterizar, através das obras autobiográficas, a relação que os sujeitos diagnosticados com autismo estabelecem com a escola. Além disso, analisar a potência das autobiografias escritas por autistas, como possíveis colaboradoras para o aprimoramento das práticas escolares, e citar trechos dessas narrativas, compostos por experiências vividas na escola, de modo que estes revelem situações comuns à maioria dos contextos escolares. Trata-se de pesquisa de natureza qualitativa (CHIZZOTTI, 2000, 2006). Constituem nosso campo de análise sete autobiografias, escritas pelos seguintes autores: Camargo (2012); Grandin (2014, 2015); Higashida (2013); Kedar (2012); Tammet (2007); Williams (2012). Utilizamos a análise de conteúdo (FRANCO, 2018) como técnica, que nos permitiu a escolha de categorias as quais não foram definidas a priori, mas ao longo do estudo dos autorrelatos. Optamos pela Psicanálise (BIALER, 2014, 2015; FURTADO, 2013, 2014; MALEVAL, 2009, 2015) para dialogar nessa busca, pois admitimos a relevância desta à medida que sua prática é a de escuta do sujeito e, em consequência disso, já possui iniciado um caminho que se volta para os escritos dos autistas. É possível dizer que os autores das autobiografias apontam para a necessidade de compreensão, por parte da escola, do esgotamento a que são frequentemente submetidos em função de suas percepções diferenciadas. A retirada das situações de estresse, bem como a aceitação de momentos de relaxamento, aparecem como apelos. Nas narrativas é possível perceber que a imposição do contato físico, por exemplo, que se faz nos momentos de concentração de muitos estudantes, não costuma ser bem aceita por esses sujeitos. A análise acerca das autobiografias revela que o isolamento, ou a busca pela solidão, relaciona-se constantemente a certa proteção associada à percepção sensorial diferenciada por eles descrita. Apesar dessas evidências, não há registros de pesquisas que investigam o impacto das narrativas autobiográficas no contexto escolar. Mais que apontar a relevância já posta dessas obras, o interesse desta pesquisa está voltado ao possível impacto delas na escola. Constatamos que a escuta atenta de cada um é o principal instrumento que devemos ter para a compreensão das singularidades. A investigação baseada nos escritos autobiográficos dos autistas diz não somente desses sujeitos, revela muito mais do que podemos nós mesmos. Como produto desta investigação, paralelamente à dissertação, apresentamos um recurso audiovisual constituído de imagens cotidianas escolares de autistas, no qual trechos selecionados dos autorrelatos provocam um diálogo com registros de imagens de autistas na escola. O produto tem por finalidade divulgar a discussão aqui proposta - a importância da perspectiva do próprio sujeito sobre seu comportamento, os autorrelatos como essenciais para a compreensão do autismo. |