Sentidos da violência. A trajetória do Fórum Social de Manguinhos (2007-2016)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pontes, Paulo Cardoso Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21665
Resumo: Esta dissertação busca descrever diferentes configurações de atores sociais em seus rearranjos após intervenções do poder público no Complexo de Manguinhos. Pretendemos com isso identificar os sentidos atribuídos à violência que mobilizam a ação coletiva em um cenário de arbitrariedades de atuação do Estado e progressiva militarização do território da favela. Dois grandes eventos promoveram reorganizações dos atores sociais nas favelas do Complexo de Manguinhos: a inclusão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Podemos identificar três momentos de reconfiguração de atores coletivos deste território no período estudado. Na primeira configuração (2007-2009), o Fórum Social de Manguinhos (FSM) foi constituído a partir da mobilização dos moradores para o acompanhamento das intervenções do PAC e posteriormente tornou-se espaço de denuncia da arbitrariedade estatal, após a retirada do Estado das mesas de negociação. A segunda configuração (2009-2012), quando, após ameaças a alguns de seus membros e a desmobilização dos moradores, o FSM se afasta do acompanhamento direto do PAC e busca criar novas estratégias de atuação em Manguinhos. Nesse período com a assessoria da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ), nas reuniões do FSM foram discutidas a criação de outros coletivos como o Conselho Comunitário de Manguinhos (CMM) e o Conselho Gestor Intersetorial (CGI) do TEIAS-Escola Manguinhos. A terceira configuração (2013-2016) foi marcada pela implantação da UPP no território. O FSM retomou sua atuação de denúncias das arbitrariedades cometidas pelo Estado, nesse momento através da violência policial. Acolheu também em suas reuniões mulheres que tiveram seus filhos mortos por agentes da UPP, dando apoio a constituição do coletivo Mães de Manguinhos. O FSM pautou sua atuação a partir de diferentes sentidos atribuídos à violência, conforme as inflexões de sua trajetória: da demanda pelas condições estruturais de urbanização que contribuíam para um cenário de violências, passando pela violência estatal que desconsidera a voz dos moradores para intervir no território, chegando à denúncia da violência policial e do racismo estrutural que torna os moradores da favela vítimas seletivas. Para empreender essa tarefa travei diálogo com as Ciências Sociais, especialmente com os estudos sobre violência urbana e associativismo social. Realizei a análise de documentos elaborados pelo Fórum Social de Manguinhos no período e entrevistas em profundidade com uma ex-integrante e dois atuais integrantes do Fórum Social de Manguinhos.