Embratel em greve, 1987: a família que derrotou a Globo, o Bradesco e o governo
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20186 |
Resumo: | 1987, outubro, 22. Cerca de três mil trabalhadores da Embratel, reunidos em assembleia em frente à sede da empresa, no Centro do Rio de Janeiro, paralisam a Avenida Presidente Vargas e decidem entrar em greve nacional. Desde maio de 1978 o Brasil voltará a conviver com milhares de greves. Mas, esta, foi extremamente original e distinta nas suas características das demais. A Embratel, então empresa de economia mista ligada ao Ministério das Comunicações (MCom), detinha legalmente o monopólio de todos os serviços interurbanos e internacionais de telecomunicações. Essa greve, que ficou conhecida como a Greve da VICOM e foi batizada pela Revista Veja, contrária aos grevistas, como Soviete da Embratel, não tinha qualquer reivindicação salarial, de emprego, de condições de trabalho. Não estava em jogo nenhuma reivindicação trabalhista ou sindical. Os grevistas, coordenados pelo sindicato, federação e associações de empregados exigiam o cancelamento de um contrato recém assinado entre a direção da Embratel e a empresa VICOM Comunicações, dentro da qual havia participação do Banco Bradesco e do Sistema Globo de Comunicações. Contrato esse que permitia à VICOM explorar serviços de comunicação de dados via satélite, usando os satélites recém-lançados pela Embratel. O contrato feria o monopólio legal da Embratel sobre esses serviços. A greve foi vitoriosa, cancelando o contrato. Entretanto, o ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, retaliou fortemente: de imediato demitiu praticamente toda a diretoria da empresa, menos um. E, em menos de dois meses depois, durante a campanha salarial, demitiu dezenas de trabalhadores da Embratel, TELERJ e demais empresas do Sistema Telebrás. Demitiu, também, trabalhadores dos Correios. O trabalho busca, a partir de pesquisas de memória oral, junto a antigos(as) trabalhadores(as) da Embratel, e a partir de conceitos caros à Psicologia Social, como memória social e identificação social, levantar como trabalhadores de uma empresa instituída já no período do regime autoritário (1964-1965) e com baixíssima tradição sindical conseguiram realizar uma greve tão original, com características nacionais. Subsidiariamente, também busca levantar como um evento tão marcante, fartamente registrado pela imprensa, pode ser ignorado em todos os registros que apontam, em detalhes, o histórico da Embratel e do Sistema Telebrás. |