A metamorfose em “A Bela e a Fera”: Villeuneuve, Beaumont e Lispector

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Karen Cristina Schuler da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19352
Resumo: A metamorfose, seja literal, seja metafórica, é um tema inquietante e recorrente na literatura. Ovídio e Kafka são exemplos de autores que colocaram o assunto como títulos de suas obras. Nos contos da tradição, há um ciclo de narrativas nas quais a metamorfose acontece da forma humana para animal e a redenção depende de um par amoroso. A narrativa matriz é o mito de Eros e Psique, e, por isso, está na base de análise aqui executada. Em “A Bela e a Fera”, é possível perceber um exemplo desse grupo, razão pela qual a história é muito lembrada devido à moça bonita que consegue amar um monstro e não se importar com as aparências. Um olhar mais aguçado, no entanto, pode salientar um protagonismo feminino que, por vezes, não é associado aos contos da tradição. Nem todas as heroínas, mesmo as de narrativas mais antigas, estão à espera de serem resgatadas. Além disso, acontece uma metamorfose interior, de Bela, além da exterior, de Fera. Vale destacar que “A Bela e a Fera” é o único conto de autoria feminina a ocupar um lugar no cânone do gênero, predominantemente masculino. É preciso problematizar isso, sobretudo por existirem mulheres que já escreviam contos de fadas na França dos séculos XVII e XVIII. Elas ficaram conhecidas como “preciosas” e a criação do termo contos de fadas, que nomeia o gênero, pertence a uma delas. Há uma versão mais clássica de “A Bela e Fera”, de Madame de Beaumont, de 1756, e uma anterior, de Madame de Villeneuve, de 1740. Independente dessas variações, é um conto que se perpetua ao longo de gerações na imaginação das pessoas. Tanto assim o é que serviu de inspiração para Clarice Lispector, no século XX, escrever uma narrativa intitulada “A bela e a fera ou a ferida tarde demais”. A autora ressignifica o conto de fadas, criando uma história em que aborda o insólito e os problemas existenciais presentes no ser humano. Ainda assim, a referência ao conto fonte é clara e, portanto, cabe averiguá-la e discuti-la. Dessa forma, a presente dissertação tem como foco abordar a metamorfose na literatura em uma perspectiva comparatista e historiográfica, o que perpassa as narrativas fundadoras do cânone ocidental e os contos de fadas. Com “A Bela e a Fera”, mais especificamente, busca-se mostrar que existe protagonismo feminismo em narrativas da tradição e ressaltar a autoria feminina dos contos de fadas na França dos séculos XVII e XVIII. Além disso, na narrativa de Lispector, procura-se evidenciar que a metamorfose acontece não só com personagens, mas também com o texto, o que destaca a relevância do corpus ficcional proposto. Como fundamentação teórica, a pesquisa utiliza, principalmente, estudos de Junito Brandão (1987), Diana L. Corso e Mário Corso (2006), Bruno Bettelheim (2007), Marie-Louise von Franz (1980), Marina Warner (1999), Benedito Nunes (2009), David Le Breton (2011), Nelly Novaes Coelho (2012) e Rita Terezinha Schimdt (2017).