“Aiiin, Mona, o babado é forte!”: quando a fofoca joga com a verdade, interroga as amizades e produz sexualidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Martuchi, Rayane Ribas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22005
Resumo: A fofoca é uma forma de narrativa que estabelece relação dos sujeitos com o mundo. Faz parte do cotidiano das pessoas e informa redes de valores, hegemônicos ou não. A fofoca exerce também sentido educativo quando crianças participam da vida cotidiana e por ela aprendem as normas morais de seus grupos. Contudo, mesmo que historicamente repreendida, por ser uma narrativa extra-oficial, a fofoca margeia a norma e o discurso institucional, escapa pela tangente e percorre corredores, salas, pátios e frestas da escola. O campo de incursão dessa pesquisa de mestrado é uma escola parceira do programa de pós-graduação, de ensino fundamental público, situada na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Neste trabalho, apresento os achados de pesquisa surgidos em um ciclo de cinco oficinas com uma turma de quarto ano, com crianças entre nove e dez anos, como participantes. As oficinas debateram as relações intersubjetivas e o tema da fofoca apareceu desde o primeiro encontro, sendo tomada como objeto de pesquisa e material de análise. A partir da indagação sobre o sentido da fofoca entre as crianças, busco refletir os efeitos da fofoca no processo de subjetivação de crianças. As principais interlocuções teórico-metodológicas são autoras dos feminismos interseccionais, estudos críticos da infância, estudos decoloniais, pós estruturalistas e queer, que partem da ideia de produção de saberes situados. A pesquisa-intervenção e diário de campo também compõem o arcabouço metodológico dessa pesquisa. A partir de Foucault, a fofoca é tomada como dispositivo lúdico que faz acessar e produzir opiniões, confissões, prazeres, fantasias, jogos de excitabilidade, normas, crenças, valores hegemônicos, mas também seus questionamentos, inversões e fissuras. A fofoca se mostrou ser uma via por onde as crianças exercitam suas sexualidades, jogam com a ideia de verdade, poder e troca. A fofoca também é um importante elemento na constituição de relações de afeto e amizade, que opera de forma ambivalente nas dinâmicas de aproximação e distanciamento entre as crianças, por ser ora desfrutada como diversão, ora vista como perigosa. Por fim, considera-se a imersão das crianças nas redes sociais como pano de fundo para a intensa enunciação da fofoca, articulada com outras temáticas.