Naturezas e culturas em (con)textos Xakriabá (MG): um estudo com educadores indígenas
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Multidisciplinar Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20803 |
Resumo: | Os saberes indígenas e a Ciência são convergentes ou contraditórios? O questionamento sobre a possibilidade de que a ciência e os saberes tradicionais fertilizem um ao outro mobilizam meus estudos nesta tese, assim como a tentativa de superação da dicotomia ser humano/natureza, sujeito/objeto, ciência/saberes tradicionais. Para responder à pergunta inicial, este trabalho poderia dialogar com a decolonialidade, que trata diretamente de temas ligados à imposição hierárquica de saberes, mas houve a opção pela Teoria Ator-rede como referencial teórico-metodológico, pela possibilidade de buscar a superação das dualidades já apresentadas. Ao dialogar com os estudos da Antropologia das Ciências e das Técnicas e, a partir do entendimento de que há outras formas de produzir conhecimento, este estudo tem por objetivo descrever o que o povo Xakriabá, do Norte de Minas Gerais, pensa de si a partir das associações entre humanos e não-humanos reveladas por estudantes dessa etnia em trabalhos de conclusão de curso de graduação. A Formação Intercultural para Educadores Indígenas (FIEI) é uma licenciatura oferecida pela Universidade Federal de Minas Gerais a estudantes de diferentes etnias. Com muitos temas que mergulham na questão ambiental, os TCC’s dos cursistas Xakriabá revelam pesquisas que produzem conhecimento tanto sobre os Xakriabá quanto sobre a nossa sociedade científica e técnica. É possível perceber, então, uma indissociabilidade entre o “social” e as “técnicas”. Na busca pela percepção de que conceitos formulados a partir de percursos diferentes dialogam entre si, construindo contextos de forma pouco linear, há o entendimento de que a superação da hierarquia entre os saberes é um outro caminho para construir conhecimento de uma forma diferente da proposta pela ciência moderna. Ancorada, principalmente, em Bruno Latour, esta tese está organizada em cinco capítulos. No primeiro capítulo, a opção pela Teoria ator-rede é descrita, assim como é justificado o porquê de se estudar comunidades tradicionais à luz desse referencial teórico-metodológico; o segundo propõe uma incursão no tema da educação escolar indígena, principalmente, no estado de Minas Gerais; o terceiro capítulo, ao tratar sobre a formação de professores indígenas, passa pelo processo da expansão universitária até chegar à FIEI; o quarto capítulo busca o diálogo entre saberes tradicionais e conhecimento científico na universidade e na realidade Xakriabá, relatando meus primeiros contatos com seus textos; e o último capítulo traz a rede sociotécnica apresentada por esses trabalhos, dentro da lógica de naturezas e culturas indissociadas. Por fim, com a opção intencional de não formular uma conclusão, deixo uma carta aos autores dos TCC’s. O relato escrito a partir deste estudo revela que a produção de conhecimento dos povos indígenas na universidade, sendo resistência, pode nos dar pistas sobre como escapar da crise que é, ao mesmo tempo, ambiental e epistemológica |