"Linda, doce, fera": A construção de corporalidades políticas no concurso de beleza Miss T Brasil.
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4762 |
Resumo: | A presente tese busca contribuir para a reflexão sobre o processo de constituição de travestis e mulheres transexuais como sujeitos políticos e de direito através da análise dos discursos e das práticas que envolvem o concurso de beleza Miss T Brasil, certame voltado exclusivamente para a população trans e organizado pela Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro (ASTRA-Rio), em parceria com a Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos (SUPERDir) da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Governo do Estado do Rio de Janeiro (SEASDH/RJ). Foi realizado trabalho de campo nas edições de 2012, 2013 e 2014 do concurso, como também nas edições de 2013 e 2014 do Miss International Queen, concurso mundial de beleza para travestis e mulheres transexuais, realizado anualmente na Tailândia, do qual as vencedoras do Miss T Brasil participaram como candidatas. O material assim obtido foi complementado por levantamento de fontes escritas e realização de entrevistas relativas a outros concursos desse tipo que aconteceram no passado e que são hoje invocados pelo discurso do Miss T Brasil, tanto como a sua tradição , quanto como parte de uma cultura trans mais abrangente. Analisamos o Miss T Brasil como um ritual de legitimação, consagração ou instituição que, de modo bastante literal, encarna e projeta socialmente determinada imagem ou representação da mulher trans . Em comparação ao imaginário social que cercava e ainda cerca travestis e mulheres transexuais, marcando-as com o estigma da marginalidade social e política, inscrito em corporalidades exageradas ou vulgares , a mulher trans que se projeta no âmbito desse concurso, constitui-se como cidadã politizada que cultiva um corpo magro e saudável, congruente com um tipo de beleza tido como universal. Em um âmbito mais subjetivo, promove-se a noção de um sujeito reflexivo, interiorizado e voluntarista. Paradoxalmente, essa distinção, elaborada junto a um grupo bastante restrito de misses, estende-se a toda a população trans , para a qual o concurso Miss T Brasil forja, como representante ideal, um sujeito político e moral que habita um corpo especialmente belo e feminino. |