Experiências de mulheres negras com a assistência obstétrica no contexto da covid-19
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19083 |
Resumo: | A população negra brasileira enfrenta desigualdades sociais e dificuldades de acesso a informações, serviços, políticas e ações de saúde. As manifestações do racismo na assistência obstétrica no contexto da covid-19 sob a ótica de mulheres negras são o objeto de pesquisa desta dissertação. O objetivo geral da pesquisa foi analisar as experiências e percepções das mulheres negras acerca das manifestações de racismo na assistência obstétrica e suas interfaces com a pandemia de covid-19. E os objetivos específicos visavam descrever as experiências das mulheres negras a respeito da assistência obstétrica no contexto da pandemia de covid-19 e discutir as manifestações de racismo na assistência obstétrica sob a perspectiva dessas mulheres. Trata-se de estudo de abordagem qualitativa e descritiva, com 22 mulheres negras que tiveram parto normal ou cesariana durante a pandemia de coronavírus, no período de março de 2020 a fevereiro de 2021. A coleta de dados ocorreu de janeiro a abril de 2021. As mulheres foram recrutadas em páginas e aplicativos das redes sociais. As entrevistas semiestruturadas ocorreram por videochamada. A análise temática proposta por Braun e Clarke foi utilizada. O estudo atendeu às legislações sobre a ética das pesquisas com seres humanos. As categorias temáticas do estudo foram: Violência e racismo institucional, Estratégias frente à violência e ao racismo, Medo e insegurança causados pela pandemia da covid-19. As mulheres negras residiam em capitais das regiões sudeste, sul e nordeste do Brasil. Doze delas possuíam o nível educacional superior completo, enquanto 5 cursavam o ensino superior, e as demais concluíram o nível médio. Elas referiram situações de violência e racismo durante a assistência obstétrica, caracterizada pelas atitudes preconceituosas, desrespeitosas, negligentes e situações de violência física e psicológica durante a assistência pré-natal e o parto, refletindo a intersecção entre racismo, sexismo e desigualdade social operantes nessa área da atenção à saúde. As mulheres negras utilizaram estratégias para se protegerem da violência e racismo institucional por meio dos privilégios de classe que as possibilitaram utilizar recursos próprios para pagar exames e contratar serviços de profissionais para apoiá-las no parto em busca de cuidados qualificados e respeitosos nas unidades da rede pública e privada, apesar de insuficientes diante do racismo institucional. A pandemia da covid-19 causou sentimentos de medo e insegurança devido ao risco de contágio pelo vírus SARS-CoV-2 no período da gestação e parto, às inadequações das medidas de proteção recomendadas durante o atendimento nas unidades de saúde, às restrições causadas pelo distanciamento social e ao direito ao acompanhante na maternidade. As manifestações do racismo na assistência obstétrica das mulheres negras durante a pandemia de covid-19 são contundentes e revelam o racismo institucional obstétrico como um problema de saúde pública que precisa ser aclarado, debatido e enfrentado, não podendo ser mais encoberto e explicado apenas por meio das práticas inadequadas e atitudes desrespeitosas que caracterizam a violência obstétrica. Sugere-se ampliar estudos e debates sobre o racismo na atenção obstétrica para mudar essa realidade de iniquidade social que não apenas prejudica a saúde das mulheres negras, mas também viola a sua dignidade humana. |