Como o desmatamento influencia a ocorrência de leishmaniose visceral? Uma abordagem contrafactual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Cleber Vinicius Brito dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19348
Resumo: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença sistêmica de transmissão vetorial. No Brasil, ela é causada pelo protozoário Leishmania infantum e é transmitida por flebotomíneos do gênero Lutzomyia, tendo os cães como a principal fonte de infecção em áreas urbanas. Historicamente a LV era conhecida como uma doença endêmica rural, porém desde a década de 1980, ela atingiu proporções endêmicas e epidêmicas em grandes cidades brasileiras. Desde então vários fatores são considerados como norteadores da expansão da LV, como variáveis socioeconômicas, climáticas e ambientais. Mais especificamente sobre o efeito do desmatamento e perturbações antrópicas no ambiente, a maioria do que se encontra na literatura tem natureza qualitativa ou utiliza de abordagens reducionistas, sem considerar a complexidade da dinâmica de uma doença infecciosa de transmissão vetorial e de caráter zoonóticos. Na presente dissertação, investigamos o efeito do desmatamento na ocorrência de Lutzomyia longipalpis (Lu. longipalpis), leishmaniose visceral canina (LVC) e leishmaniose visceral humana (LVH), tomando como exemplo o estado de São Paulo. Para isso, utilizamos uma abordagem contrafactual para estimar os efeitos (geral, direto e indireto) do desmatamento na ocorrência do Lu. longipalpis/LVC/LVH. Isso foi feito em dois passos, primeiro estimamos os parâmetros por meio de um algoritmo de Metropolis-Hastings duplo e, por fim, estimamos os efeitos causais através de um amostrador de Gibbs, por meio do pacote autognet no R.Vimos que municípios desmatados apresentam 2.63, 2.07 e 3.18 maiores chances de apresentar o vetor, LVC e LVH, respectivamente quando comparados com os municípios que não apresentaram desmatamento. Foi observada também uma forte influência da presença do vetor, LVC e LVH dos municípios vizinhos na ocorrência dos mesmos em municípios previamente livres dos desfechos (6.67, 4.26 e 4.27). Já sob mudanças hipotéticas de prevalência do desmatamento de 50% para 0% no estado, são esperadas quedas na prevalência do vetor, LVC e LVH de 11%, 6.67% e 29.87% respectivamente. O desmatamento influi na ocorrência do vetor, doença em cães e humanos por duas principais vias, (i) alterando o funcionamento do ecossistema e estrutura da comunidade, permitindo a reprodução e colonização do vetor; e (ii) promovendo uma aproximação entre todos os componentes do ciclo da LV. De tal modo, para correto controle da LV e doenças infecciosas como um todo, é imprescindível um desenvolvimento ecologicamente correto com soluções viáveis para as compensações entre a agricultura, urbanização e conservação. urbanização e conservação.