A questão da dissimetria ética em Emmanuel Levinas e Paul Ricoeur

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Uaissone, Messias Miguel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17959
Resumo: Emmanuel Levinas usa o termo “dissimetria” no debate acerca do fundamento da ética para afirmar a prioridade da alteridade sobre a subjetividade. A dissimetria ética refere-se à diferença radical entre o eu e outro e que o relacionamento ético entre ambos ocorre por iniciativa do outro que desordena o eu sem precisar de contexto ou permissão. Nessa irrupção do outro, o eu torna-se refém da relação e não pode recusar-se à resposta. O eu pode responder a esse apelo e ser passivo de sua liberdade para ser ativo de sua responsabilidade por outrem. Nesse caso, sua responsabilidade significa sua humanidade messiânica em que se substitui a outrem, sendo o um-para-o-outro, isto é, sendo pelo outro infinitamente, ficando livre da recorrência do retorno a si em cada experiência que ameace sua identidade de presença a si mesmo. O ego é quebrado para que nasça o sujeito humano. A negação da responsabilidade pelo outro é fechamento no ser, o que significa ausência de liberdade do eu. Paul Ricoeur vai ampliar essa abordagem para mostrar que tanto o eu como o outro são identidades em ação e que eu e outro são posições flexíveis do ponto de vista hermenêutico: o eu é um outro e este é um eu. Consequentemente, o relacionamento entre ambos não pode ser dissimétrico, mas recíproco (reconhecimento mútuo em estados de paz), pois ambos são igualmente vulneráveis e também podem responder à vulnerabilidade alheia. Ricoeur não encontra na aparição do outro nada que, ontologicamnete, demonstre a reivindicação levinasiana. A lição a reter deste debate é de entender que a proposta de Ricoeur acerca do reconhecimento mútuo em estados de paz é complementar e faz avançar a ideia de dissimetria ética defendida por Levinas. Este coloca a dissimetria como condição do nascimento de uma nova racionalidade baseada na justiça que o terceiro vai requerer. O terceiro exige que a subjetividade aja de forma racional, distribuindo as suas responsabilidades para todos que o exijam. Essa posição aproxima-se da ideia de reconhecimento de Ricoeur, porque essa distribuição que Levinas diz que deve ser proporcional exigirá que também os outros ajam reciprocamente para o eu, como defende Paul Ricoeur.