A temática do abortamento no ensino de enfermagem: entre o senso comum e a consciência crítica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Schroeter, Mariana Santana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17185
Resumo: As Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem estabelecem que o curso de graduação deve formar profissionais críticos e reflexivos. No entanto, as instituições formadoras apresentam dificuldades de efetivar um ensino que aborde a temática do aborto para além do conteúdo biológico. A discussão dessa temática requer habilidade para conduzir a questão e ter em perspectiva a mulher como cidadã e que está inserida em um sistema de estrutura de poder chamado patriarcado. O objeto de pesquisa eleito consistiu nas concepções das enfermeiras recém-graduadas sobre o ensino do tema abortamento durante o curso de graduação. O estudo teve como objetivo analisar a abordagem do tema aborto no ensino da graduação a partir da perspectiva das enfermeiras recém-graduadas e discutir a relação entre a abordagem desse tema e as concepções das enfermeiras sobre a questão do aborto. A pesquisa teve abordagem qualitativa e do tipo descritiva. Participaram vinte e seis enfermeiras graduadas em 2015 ou 2016, que estavam no primeiro ano da residência, em programas coordenados pela Faculdade de Enfermagem da UERJ. A técnica de coleta de dados foi a entrevista individual e semiestruturada. Os depoimentos foram analisados por meio da hermenêutica-dialética. O estudo foi aprovado pela COEP UERJ, parecer n.º 1.533.584. O perfil das participantes foi constituído por vinte e quatro enfermeiras do sexo feminino e dois do sexo masculino; seis participantes graduaram-se em 2016 e vinte no ano de 2015. Sete participantes realizaram a graduação em instituições de ensino superior privadas e dezenove em instituições de ensino superior públicas. Estas instituições acadêmicas estão localizadas em diferentes estados do país, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e também no Distrito Federal. A partir da análise dos quadros hermenêutico-dialéticos emergiram duas categorias: 1) A abordagem do tema aborto no ensino de enfermagem: descontextualizado e superficial; 2) As concepções das enfermeiras sobre o tema aborto: o senso comum e a consciência crítica. A abordagem do ensino permanece centrada na perspectiva biológica e com ênfase no processo fisiopatológico do aborto, além de descontextualizada dos direitos sexuais e reprodutivos, e da saúde pública. O ensino requer avanços substanciais para suplantar essa abordagem superficial, a fim de alcançar a formação de profissionais qualificados, reflexivos e críticos sobre as questões complexas envolvidas nessa temática, como aspectos legais, morais, religiosos e socioculturais; possibilitar que a assistência de mulheres em situação de abortamento seja isenta de qualquer tipo de discriminação; garantir o exercício dos direitos das mulheres, prevenir danos à saúde e reduzir a mortalidade materna. Sugere-se que essa temática seja discutida amplamente nas disciplinas curriculares para que as barreiras profissionais e institucionais referentes ao abortamento legal, e ao atendimento da mulher em situação de abortamento possam ser superadas no país.