As representações da morte para mães que perderam seus filhos: a espiritualidade e a religiosidade como processo de enfrentamento
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22061 |
Resumo: | O presente estudo tem como objetivos analisar as representações sociais da morte dos filhos para suas mães, procurando identificar a religiosidade e a espiritualidade como uma estratégia de enfrentamento do luto; descrever a representação social da morte de um filho para a mãe; e discutir a espiritualidade e a religiosidade como formas de enfrentamento na vivência do luto. Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória, orientada pela abordagem processual da teoria das representações sociais (TRS). Foram participantes do estudo 15 mães, membros de grupos de redes sociais, cujos filhos morreram com idade até 18 anos. A coleta de dados deu-se por um questionário de caracterização e uma entrevista semiestruturada. Para a análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo lexical informatizada por meio da classificação hierárquica descendente (CHD) no softwareIramuteq. A partir do corpus, composto por 15 entrevistas, o programa executou cálculos e forneceu resultados, permitindo a descrição das quatro classes, com vocabulário característico (léxico), separado em 1.151 segmentos, com aproveitamento de 82,02%. A classe 2 mostra relações entre familiares e amigos, a explicitação da rede social de apoio. Na classe 1, demonstra-se a relação com a religião, o rompimento com aquela que era praticada e a transição para outra que explica o ocorrido, não deixando de manter conexão com o divino, trazendo conforto para a mãe enlutada. A classe 4 explicita a ligação entre mãe e filho, atravessada por lembranças que trazem conforto, a relação na situação de pós-morte, o cuidado com o corpo, os trâmites para o funeral e a luta por uma resposta sobre a morte violenta. A classe 3 indica a relação dessas mães com o transcendente, a busca de notícias e a tentativa de contato com o filho em outra dimensão, segundo suas crenças. Essas possibilidades trazem alento à mãe, que acredita ter o filho vivo espiritualmente. Representações das mães sobre a morte do filho, segundo essas construções simbólicas, ocorreram quando o divino permitiu, sendo previstas pelo sagrado, que deu sinais. As representações sociais da morte, para essas mães, organizam-se ao redor de duas ideias. A primeira é a constatação da finitude biológica humana, enquanto a segunda se relaciona com a infinitude da pessoa e a continuidade da vida na dimensão transcendente. Na morte de um filho, a espiritualidade se mostra como uma âncora, que pode apoiar as mães, ao passo em que se destaca a possibilidade de revolta com a religião, em especial pela participação anterior do filho em seu contexto, por achar que ela não ofereceu a proteção necessária para evitar a morte ou por entender que não se merecia passar por isso, o que pode culminar na migração para outras religiões. Por outro lado, a religiosidade pode estimular a esperança no reencontro com o filho em um lugar melhor, propiciar a reconexão com o sagrado após o rompimento com a religião e retomar a ressignificação da relação com o divino. Ao mesmo tempo, a crença e a possibilidade de contato com o filho por meio de mensagens do além vida demonstram uma forma positiva, trazendo conforto para as mães. O enfrentamento do luto traz de modo singular o “eu” da mãe que tenta compreender algo sem explicação, com apoio do “nós”: família, amigos. As representações da morte englobam o fim do corpo físico, mas incluem a vida em sua dimensão de infinitude. |