Ectoparasitos e hemoparasitos de pinguins (Pygoscelis spp.) e skuas (Stercorarius maccormicki) nas ilhas Shetland do Sul, Antártica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Reis, Ana Olívia de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4906
Resumo: Os parasitos podem atuar como espécies-chave na manutenção da diversidade, sendo as relações parasito-hospedeiro excelentes modelos para análises de dinâmicas evolutivas e ecológicas. Ectoparasitos ocorrem em todas as regiões do planeta, enquanto hemoparasitos estão limitados à distribuição dos vetores. No arquipélago Shetland do Sul, Antártica, onde há pouco conhecimento sobre parasitos, há apenas cinco espécies registradas, incluindo o carrapato Ixodes uriae, que está associado à transmissão de patógenos em outras regiões onde ocorre. Dentre as 40 espécies de aves que se reproduzem na Antártica, estão a skua-polar-dosul (Stercorarius maccormicki) ave territorialista, que migra por longas distâncias, e três espécies de pinguins Pygoscelis (P. adeliae; P. antarctica e P. papua), que são aves coloniais. Nesse contexto, a presente tese é composta por três capítulos, incluindo uma revisão sobre ectoparasitos que ocorrem nas famílias de pinguins (Sphenicidae) e skuas (Stercorariidae), e a relação da riqueza dos parasitos com dispersão e tamanhos populacional e corporal dos hospedeiros (capítulo 1); uma investigação dos ectoparasitos de pinguins Pygoscelis e da skua S. maccormicki, no arquipélago Shetland do Sul, e a relação das prevalências e riqueza dos parasitos com parâmetros intraespecíficos e interespecíficos (capítulo 2); e a pesquisa por Babesia spp. e Rickettsia spp. nas quatro espécies de aves estudadas e em carrapatos I. uriae, além da pesquisa por hemoparasitos em lâminas de esfregaço sanguíneo (capítulo 3). No capítulo 1, apenas a riqueza de piolhos mastigadores em Sphenicidae esteve relacionada com o tamanho corporal do hospedeiro, deslocamento e tamanho populacional das espécies de pinguins. No capítulo 2, o único ectoparasito registrado em pinguins foi I. uriae. Para S. maccormicki, duas espécies de ácaros de pena (Alloptes (Conuralloptes) catharacti e Zachvatkinia stercorarii) e duas espécies de piolhos mastigadores (Haffneria grandis e Saemundssonia (Saemundssonia) euryrhyncha) foram encontradas. A prevalência de dois ectoparasitos variou intraespecificamente entre os sexos em S. maccormicki. Skuas com bicos menores parecem ser mais eficientes em eliminar parasitos de maior tamanho corporal, H. grandis, que também esteve diretamente relacionado ao tamanho corporal das skuas. Os ectoparasitos encontrados em skuas parecem não influenciar o peso dos hospedeiros. No capítulo 3, registramos a presença de Babesia spp. para as três espécies de pinguins e em I. uriae, o que indica que este pode ser o potencial transmissor de Babesia spp. Registramos pela primeira vez Leucocytozoon spp. na Antártica, incluindo os primeiros registros para as quatro espécies de aves estudadas. A presença desse hemosporídeo, transmitido majoritariamente por simulídeos, alerta para uma possível introdução desses insetos na região. Nossos resultados mostram que a distribuição de ectoparasitos depende de diversos fatores, e que o conhecimento dos aspectos biológicos do hospedeiro é importante para entender os seus padrões em uma população ou região, e ainda são escassos, principalmente em relação às skuas e à Antártica. Ao mesmo tempo, a descoberta de novos hospedeiros para Babesia spp., assim como o primeiro registro de Leucocytozoon spp. na Antártica, evidencia a importância do desenvolvimento de pesquisas com vetores e hemoparasitos neste continente, que pode ser uma ferramenta de monitoramento da saúde nessa região.