Leituras do mundo, escritas da alma: vozes de Jardim Gramacho
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras, Mestrado Profissional (PROFLETRAS) |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/14483 |
Resumo: | Esta pesquisa surge da inquietação de como propiciar, a partir da leitura de textos literários diversos, o que Orlandi (2015, p. 74) chama de assunção da autoria a alunos do segundo segmento do ensino fundamental. Os textos exigidos pela escola, muitas vezes, são vistos como não textos pelos alunos, pois se escreve para satisfazer as muitas exigências de uma engrenagem que a eles não parece dizer respeito. Por outro lado, percebe-se que muitos já escrevem seus próprios textos autorais, mas o silenciamento impera porque a rotina escolar não lhes permite ter voz. Estas inquietações, que surgiram da necessidade de propor atividades de leitura que contribuíssem para a autoria dos discentes, geraram um projeto que busca dar voz aos alunos/sujeitos da Escola Municipal Mauro de Castro, que fica em Jardim Gramacho, Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Para isso, semanalmente é lida a biografia de um autor escolhido e são compartilhados trechos de sua obra em voz alta. Tal atividade, que torna possível o contato com variegadas formas de escrita e de estilo, também permite aos alunos que leiam seus próprios textos autorais em público. Este trabalho é relevante, porquanto dar voz aos alunos é também fazer com que reflitam acerca de sua escrita e por ela se responsabilizem, posicionando-se criticamente na sociedade em que estão inseridos. O objetivo geral, portanto, é encorajar a assunção da autoria discente mas também fazer-me repensar as práticas pedagógicas utilizadas para que tal processo seja efetivado. O trabalho toma por base a proposta teórica da Análise do Discurso que se originou na França (Pêcheux e seus colaboradores) e foi também desenvolvida no Brasil por Eni Orlandi e pesquisadores por ela formados. Foram mobilizadas principalmente as noções de leitura, escrita e autoria à luz da Análise do Discurso, cuja abordagem teórica objetiva fundamentalmente compreender como os discursos são determinados pela história e de que modo eles produzem sentidos. Como referencial teórico, a pesquisa se apoia nos trabalhos de PÊCHEUX (2014), ORLANDI (1995, 2012, 2015, 2017), INDURSKY (2001, 2011), PFEIFFER (1995), LAGAZZI-RODRIGUES (2010) e MARIANI (1998, 1999, 2016). Ressalte-se que a AD não tem preocupação com a quantificação de dados, e os frutos deste trabalho poderão reverberar hoje e no porvir. Os resultados dessa empreitada revelam que é preciso facilitar a apropriação legítima das práticas que incentivem os alunos/sujeitos a construírem sua autoria com criticidade, consciência, coesão, clareza, etc. O projeto aconteceu quase sempre às quintas-feiras, e esse dia já ficou consolidado como o dia da leitura e da autoria. Os alunos querem saber qual é o autor da próxima aula e sugerem autores que pertencem ao seu universo de leituras. Dessa forma, é possível vislumbrar uma ressignificação da prática docente, e algumas vozes de Jardim Gramacho já estão se fazendo ouvir. |