Permanências da Escravidão nas Narrativas sobre o Negro: jornal do Brasil e O Paiz (1888-1900)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pereira, João Paulo Barbosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18084
Resumo: Esta tese investigou, através das representações jornalísticas, retratações de vários personagens negros que demonstravam as permanências da escravidão e a situação de precariedade da inserção da população negra na sociedade no período posterior à abolição. Partindo dos jornais do Rio de Janeiro, e especificamente analisando os noticiários dos anos de 1888 a 1900, a maior parte das representações encontradas se tratavam da cidade do Rio de Janeiro, mas também há ocorrências de notícias de outros lugares do estado, do Brasil e também de outros países do mundo. Através da análise de conteúdo buscamos compreender os dados recolhidos principalmente de dois jornais de grande circulação no Rio de Janeiro, O Paiz e Jornal do Brasil. A pesquisa nas edições de 1888 a 1900 desses dois jornais foibastante viável devido ao acesso eletrônico através da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Nas edições, nos deparamos com um conjunto amplo de notas, notícias, crônicas e artigos com narrativas que ajudam a ilustrar parte do cotidiano da população negra no Rio de Janeiro. As descrições dos jornais se concentravam nos problemas de saúde, na violência urbana, nos acidentes e nas mortes de diferentes pessoas desse grupo da sociedade. Nesse contexto, um dos dados mais significativos apresentados nesta pesquisa aponta que, embora fosse forte nos jornais o estigma do negro como criminoso, era muito mais recorrente o número de casos de violência sofrida pelos negros. Estrangeiros e policiais se destacavam como os grupos que, por diversas vezes, demonstraram práticas violentas contra negros de maneira desproporcional aosagravos relatados, resultando na morte de diversos personagens negros, o que aponta para uma forte discriminação na época por parte desses grupos. Por outro lado, em relação ao papel exercido pela imprensa no contexto do pós-abolição, embora os jornais tivessem um importante papel de mediação, não se verifica nas páginas dos periódicos um debate profundo sobre os problemas que os negros brasileiros vivenciavam no país. Contudo, existia a compreensão da imprensa de que a questão negra era um fato social da época, cuja dificuldade maior era relatada como vivenciada em outros países da África e da América, sendo privilegiada a comparação com os Estados Unidos, apresentado como exemplar em muitos aspectos econômicos, mas também como pior em várias outras características raciais, como o linchamento, a segregação e a discriminação contra os negros. Finalmente, a investigação resultou em novas possibilidades de leitura de uma fase da nossa história permeada pela visão da imprensa sobre o negro como sujeito que vivenciava diversas situações de carência, violência e segregação, sem que houvesse nenhum empreendimento sólido para inserção desse grupo na sociedade, cujas consequências dessas ausências de ações de inclusão, permeadas por silenciamentos,são vivenciadas ainda hoje. Tendo em vista o que foi exposto, a tese se situa na linha de pesquisa Política e Sociedade, da área de concentração em História Política, do Programa de Pós-Graduação em História da Uerj.