Carnavais e travessias de um mito: escutas do violão e da lira de Orfeu
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20426 |
Resumo: | A tese se constitui dos estudos a respeito da figura do mito de Orfeu e Eurídice em três obras distintas: Orfeu da Conceição (1956), de Vinicius de Moraes, Orfeu Negro (1959), de Marcel Camus, Orfeu (1999), de Cacá Diegues. Cada obra é estudada em um capítulo. A tese central é a de que os três Orfeu são manifestações divinas que dialogam, mas cada um preserva os traços fundamentais que essas divindades possuem: Dioniso, no primeiro capítulo, Apolo, no segundo e Jesus, no terceiro capítulo. Para os dois primeiros capítulos, utilizamos como fundamentação teórica a obra Origem da Tragédia, de Friedrich Nietzsche. Nas duas primeiras obras, Orfeu se tornou o centro de uma concepção filosófica do mundo: ele reunia em si a beleza e o dom artístico de Apolo, bem como a ambiguidade ou a contradição de Dioniso, o deus que não cessa de morrer para que a vida prevaleça. Entretanto, na peça de Vinicius de Moraes, permanece constantemente o sentimento dionisíaco do mundo. Enquanto no filme Orfeu Negro, Orfeu representaria a visão apolínea do mundo, pois encarna em si o sol que faz o morro acordar. Já no terceiro e último capítulo, analisamos a obra Orfeu (1999). Há algo de muito particular nesse filme e que se configura como uma novidade, sobretudo quando comparado às obras analisadas nos capítulos precedentes: a centralidade do cristianismo na releitura do mito. Isso significa dizer que, diferente de Orfeu da Conceição e Orfeu Negro, os quais fizemos uma leitura dentro da perspectiva da mitologia grega, no filme de Diegues, percebemos que os elementos do mito grego original foram convertidos para os contos bíblicos. A perspectiva da relação entre Caim e Abel será analisada com base nos estudos de Christoph Türcke e na simbologia de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant. Essa relação tem como referência a relação dos personagens Lucinho e Orfeu. Buscaremos focalizar a reflexão a respeito do sacrifício bíblico para interpretar consistentemente o assassinato do personagem Lucinho. Por fim, Orfeu é o cordeiro que será sacrificado para que a paz no morro aconteça. Nesse sentido, Orfeu assume aspectos messiânicos da figura de Cristo. Esse sacrifício revela a tragédia que recai sobre aqueles que vivem no Morro da Carioca |