Resistência antimicrobiana, genes e propriedades de virulência em cepas de <i>Salmonella enterica</i> sorotipo Enteritidis isoladas de fontes animais, alimento e de doença humana no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Souza, Rossiane de Moura
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
MDR
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8600
Resumo: <i>Salmonella</i> Enteritidis é uma das principais causas de doenças veiculadas por alimentos em todo o mundo. Muitos genes cromossômicos e plasmidiais são requeridos para a virulência, e a invasão das células epiteliais do intestino é essencial para o sucesso da infecção. Considerando os poucos estudos realizados no Brasil, investigou-se a ocorrência de genes de virulência, a produção de biofilme, adesinas e celulose, a expressão de flagelos e a capacidade de invasão celular de <i>S.</i> Enteritidis e sua correlação com as condições de cultivo planctônica e em biofilme, avaliando ainda a expressão diferencial de genes envolvidos na invasão celular. As cepas foram isoladas entre 2006 e 2010 de diferentes regiões geográficas do Brasil de seres humanos, alimentos e animais. A presença de 14 genes de virulência foi testada por PCR, a invasão de células epiteliais humanas (Caco-2 e HEp-2) foi avaliada por ensaio quantitativo, a resistência antimicrobiana foi avaliada por testes de susceptibilidade padronizados, a produção de biofilme foi investigada por teste quantitativo e diferenças na capacidade de associação e invasão celular foram comparadas após cultivo planctônico e em biofilme, sendo a expressão diferencial de genes envolvidos na invasão examinada por RT-qPCR. De 163 cepas de <i>S.</i> Enteritidis (humanos, 55; alimentos, 75; animais, 33) 98% possuíam todos os genes de virulência testados (<i>invE/A, orgA, hilA, sipA, sseA, ssrB, mgtC, siiE, sopB, sefA, slyA, phoP/Q, stn</i> e <i>spvC</i>). De 85 cepas, apenas 2,3% mostrou susceptibilidade a todos os antimicrobianos testados e 71% eram resistentes à quinolona. No geral, 13% foram multi-resistentes a drogas (MDR para &#8805; 3 classes de antimicrobianos). Em dois casos de doença humana identificou-se nas cepas o gene ESBL <i><SUB>blaCTX-M-2</SUB></i>. De 40 cepas (seres humanos, 25; aves, 8; alimentos derivados de aves, 7) 87,5% invadiram enterócitos humanos (Caco-2). De 72 cepas, 92% eram forte ou moderadamente produtoras de biofilme, ocorrendo marcante co-expressão de curli e celulose em 83% das cepas fortemente produtoras. Cepas em cultivo planctônico foram mais eficientes na invasão a enterócitos em relação às em cultivo em biofilme, assim como a expressão dos genes <i>sipA, invA</i> e <i>hilA</i> situados na ilha SPI-1, associada a invasão celular, mostrou-se reduzida em <i>S.</i>enterica provenientes de biofilme. A maioria das cepas estudadas além de carrear uma ampla gama de genes cromossômicos e o megaplasmídeo de virulência, foi capaz de aderir e invadir eficientemente enterócitos humanos, sugerindo um potencial patogênico para as cepas que circulam no reservatório animal e em alimentos desta origem. Verificou-se também uma alta frequência de cepas MDR, especialmente entre os isolados de seres humanos. Detectaram-se taxas significativas de resistência às quinolonas (71%) e a fluoroquinolonas (7%), em adição à resistência às cefalosporinas (6%) e aos aminoglicosídeos (2%). Identificaram-se pela primeira vez no Brasil, duas cepas produtoras de ESBL CTX-M-2, isoladas de casos de doença humana. Foi verificada marcante capacidade de produção de biofilme pela maioria das cepas. Observou-se ainda redução da capacidade de invasão celular após cultivo em biofilme e foi caracterizado que tal defeito resulta da regulação diferencial de genes encontrados na ilha SPI-1.