Da alma ao corpo: análise dos sentidos, discursos e imaginários sobre o Yoga na contemporaneidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Freitas, Bianca de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Educação Física e Desporto
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8229
Resumo: Esta pesquisa foca os sentidos, discursos e imaginário do Yoga Postural Moderno (YPM) praticado atualmente em academias, núcleos e spas, tendo o corpo como recorte. Tramitando entre imagens, símbolos e imaginário relacionados ao Yoga, objetiva explicitar e refletir sobre alguns dos sentidos relacionados ao Yoga, corpo, e saúde. A fundamentação teórica se dá através da aproximação da tradição védica, em especial, do Srimad Bhagavad-gita (BG), obra filosófica fundamental do Yoga védico. Já a prática atual do Yoga foi acessada por intermédio da produção científica recente sobre o tema e da revista Yoga Journal (YJ), periódico nacional de ampla distribuição. Tendo por base a Análise do Discurso na perspectiva de Orlandi, efetuaram-se diversas análises de textos jornalísticos, imagens e analogias que presente mos versos sânscritos da BG. Considerando os conceitos de símbolo e imaginário conforme apresentados por Gilbert Durand, a construção do referencial teórico e metodológico para as análises de cada um dos estudos foi se estabelecendo ao longo da pesquisa de acordo com a especificidade de cada objetivo. Na introdução, buscou-se explicitar os diversos sentidos atribuídos ao corpo presentes na BG e, para isso, efetuou-se algumas incursões no complexo corpo da literatura védica. No primeiro estudo, levantou-se, através de revisão sistemática, a produção científica sobre o Yoga em artigos nos últimos 12 meses, objetivando-se compreender como o tema vem sendo abordado e significado no meio científico. No segundo estudo, lançou-se mão de um levantamento quantitativo da representação de corpo na revista e realizou-se uma análise do discurso da YJ em torno dos núcleos: Yoga, saúde e corpo. No último artigo, empreendeu-se, através de descrição densa das imagens das capas da revista, uma análise no campo do imaginário privilegiando elementos como cores e símbolos e sua correlação com a imagética da cultura védica. Os resultados obtidos evidenciam que há uma inversão de sentidos relacionados ao corpo no Yoga segundo a concepção védica e aqueles veiculados nos artigos científicos e revistas YJ estudada. Se na BG o corpo é entendido como pertencente a dois núcleos de sentido: um baseia-se em sua transitoriedade e distinção da alma, situando o sofrimento, a ignorância e todo tipo de miséria como originários da falsa identificação do ser com o corpo material; outro o estabelece como um instrumento na prática que visa a libertação ou perfeição no Yoga. O Yoga, tanto nos artigos revisados como na YJ, aparece como instrumento a serviço da manutenção do corpo no plano imanente: para prorrogar a juventude e fomentar a saúde, que se aproxima dos conceitos de beleza, felicidade e desfrute material. Estes estudos evidenciam o distanciamento de sentidos entre o fenômeno do Yoga na tradição védica e o YPM, que tende a reduzi-lo meramente a posturas físicas e exercícios respiratórios. Por outro lado, no YPM o corpo é valorizado pela tríade de sentidos: juventude - beleza saúde, que parece coexistir intrinsicamente no imaginário de nossa sociedade e ser condição sine qua non para almejada felicidade. Ainda que destituído de seu arcabouço filosófico e simbólico, o YPM mesmo como prática física, figura no imaginário - de pesquisadores, praticantes e anunciantes - como algo semelhante a um bálsamo universal, e, assim, tem sua eficácia simbólica inegavelmente comprovada por sua acrescente penetração nos diversos campos de nossa cultura