Confluências do passado e do presente: o resgate da memória em o canto das lavadeiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Ataíde, Sâmara Rodrigues de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6561
Resumo: O diálogo estabelecido entre as cantigas de amigo galaico-portuguesas e as cantigas entoadas pelo grupo formado pelo compositor e folclorista Carlos Farias e as Lavadeiras de Almenara. Laivos da cultura trovadoresca permanecem nos nossos dias, mesmo no Brasil, que não vivenciou a Idade Média, segundo os valores da tradição européia ocidental. O repertório musical do coral das lavadeiras de Almenara como transformação e extensão do cancioneiro medieval trovadoresco, pois nele se preserva a principal característica das cantigas de amigo medievais: o sentimento feminino expresso. Outras semelhanças entre as cantigas de amigo medievais e as do coral das Lavadeiras como a predominância do ambiente rural descrito nas letras, a mulher camponesa/lavadeira tendo como confidentes elementos da natureza personificados, a estrutura de diálogo e a utilização do refrão presentes em diversas composições. Propostas delineadas nos capítulos que formam este trabalho dizem respeito a noções de cultura tanto popular quanto erudita, questões de identidade, bem como a relação intrínseca das cantigas com a memória e a tradição cultural. Leitura da Lírica profana galego-portuguesa e utilização dos CDs/livros Batukim brasileiro e Acqua, em abordagem metodológica analítico-comparativa. Compreensão do processo de diálogo entre as cantigas, ideologias concernentes à Idade Média, que ainda repercutem na atualidade, espaços em que essas cantigas estão situadas e sua integralização no contexto cultural. Dividido em três capítulos de desenvolvimento, a saber: As confluências do passado: a memória cristalizada nas cantigas de amigo trovadorescas; As confluências do presente: o canto das lavadeiras; O resgate do passado no presente: a Idade Média atualizada no canto das lavadeiras, o presente trabalho prioriza a continuidade entre os capítulos, bem como a unidade entre eles. Na abordagem do passado, a contextualização das cantigas de amigo medievais, a relação das mesmas quanto à História e à memória e um sub-capítulo dedicado ao culto à Virgem Maria, cuja origem remonta à Idade Média. Este louvor encontra ressonância com dois exemplos colhidos do repertório de Carlos Farias e das lavadeiras de Almenara. No capítulo dedicado às confluências do presente, a contextualização do repertório das lavadeiras, as origens do grupo coral formado por Carlos Farias e suas características. Em O resgate do passado no presente, trata-se das confluências entre as duas produções separadas por séculos, mas poeticamente semelhantes em suas temáticas. Indica-se a dialética entre passado e presente entre as cantigas de amigo e a das lavadeiras em um diálogo comparativo que contempla as duas temporalidades, o antigo encontrando ampla repercussão no atual. Na convergência de elementos aproximativos entre as moças solteiras que se constituem no eu lírico das cantigas de amigo e nas vozes carregadas de sabedoria de vida das lavadeiras, a construção de um repertório cultural formado por laivos medievos deixados pelos colonizadores portugueses que habitaram a região. As pertinentes justificativas desta hipótese foram salientadas em momento oportuno