Caminhando o bom caminho: a noção de Segurança Alimentar e Nutricional dos Guarani de Sapukai

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Verona, Luciana Drummond Paz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/7232
Resumo: Os Guarani são indígenas que ocupam terras no litoral Sul e Sudeste do Brasil. São conhecidos por sua constante mobilidade, em um caminhar encorajado, dentre outros motivos, pela busca da ―Terra sem males‖. A caminhada é literal e simbólica: engloba normas que são seguidas para alcançarem essa terra. Viver de acordo com as regras é expressar o ―jeito de ser Guarani‖, o nhanderekó. O objetivo da presente pesquisa é analisar os elementos constituintes da noção de Segurança Alimentar e Nutricional para os Guarani de Sapukai. Os dados organizados neste trabalho fazem parte de trabalho de campo desenvolvido de 2011 a 2014 na aldeia Sapukai, Angra dos Reis - RJ. Realizamos observação sistemática e entrevistas com indígenas, dentre eles homens e mulheres de diferentes idades, e líderes espirituais e políticos da aldeia. As entrevistas foram aprofundadas em vários encontros, e o material empírico foi analisado com base na análise de conteúdo temática. A noção de SAN para os Guarani de Sapukai difere da que encontramos na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional, a LOSAN. O que se sobressai nas falas são discursos acerca de uma terra que os permita desenvolver o nhandé rekó. A dimensão imediata na busca da ―terra sem males‖ aflora nos argumentos, que não desassociam o ―jeito certo de viver‖, que inclui o plantar, colher, cozinhar e comer, de uma terra que os permita realizar essas ações de acordo com as regras estabelecidas por Nhanderú, a divindade máxima. Nesse contexto, falam da necessidade de uma caminhada por um trajeto correto, ou seja, o seguir as normas (tradicionais), que também se expressam nas diferentes fases do sistema alimentar, e que os levaria ao encontro da segunda dimensão da ―Terra sem males‖: a garantia da vida eterna. A busca por um território onde se pode viver como verdadeiro Guarani é soberana nos discursos e atitudes. Dessa forma, a SAN só pode ser alcançada em um território que os permita viver ―no caminho‖. Nos ritos tradicionais, os principais elementos são os alimentos, que precisam ter sido plantados, colhidos e preparados em boa terra, de acordo com as normas. Território, tradição e rituais, portanto, são três categorias constituintes da noção Guarani de SAN, que ainda engloba, em seu núcleo, a religião/ cosmogonia como produtora de normas e organizadora da comunidade. Embora a LOSAN afirme a necessidade do respeito à cultura e tradição na definição de SAN, apontamos que ainda existe uma grande distância entre as duas, o que dificulta ações práticas contextualizadas. O diálogo entre indígenas e direcionadores de políticas de SAN é uma necessidade urgente