O intestino como sítio de estudo da interação entre esquistossomose mansoni, síndrome metabólica e microbiota intestinal
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Microbiologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22361 |
Resumo: | A esquistossomose é uma doença negligenciada que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Sabe-se que a esquistossomose mansônica e a síndrome metabólica (SM) concomitantes intensificam as lesões no tecido hepático, mas a interação dessas duas doenças no intestino e o papel da microbiota em conjunto permanece indefinida. Portanto, utilizando um modelo de obesidade induzida por dieta, buscamos abordar essa lacuna. Camundongos machos C57BL/6 alimentados com uma dieta hiperlipídica (60% de lipídeos) ou uma dieta padrão (10% de lipídeos) por 13 semanas foram infectados com 100 cercarias de Schistosoma mansoni (cepa BH). Os camundongos foram então alocados em quatro grupos: CDP (controle alimentado com dieta padrão), CDH (controle alimentado com dieta hiperlipídica, IDP (infectado alimentado com dieta padrão) e IDH (infectado alimentado com dieta hiperlipídica). Uma semana antes da eutanásia, as fezes de cada animal foram coletadas para a coprocultura e análise de microbiota por MALDI-TOF. Posteriormente os animais foram submetidos ao teste oral de tolerância à glicose. A eutanásia ocorreu 21 semanas após o início da administração da dieta e com 9 semanas de infecção. Amostras de sangue foram coletadas para análise bioquímica lipídica. Avaliamos a atividade das citocinas dos macrófagos residentes do peritônio (IL-6, IL-10, MCP-1, IFN-γ e TNF). Os depósitos de gordura foram retirados para o cálculo do índice de adiposidade. Seções do intestino foram usadas para oograma de digestão em KOH e esmagamento, os helmintos adultos recuperados foram fixados e corados para análise morfométrica. Seções histológicas do jejuno foram retirados e submetidos a processamento histológico de rotina, análises morfométricas do segmento jejuno foram realizadas, pontos de inflamação, frequência de células caliciformes e hibridização in situ por fluorescência (FISH). Nossos resultados mostraram que IDH apresentou redução do perfil lipídico e melhor tolerância oral à glicose, bem como redução da massa corporal. IDP apresentou ligeiramente mais casais de vermes que IDH, consequentemente, eliminou mais ovos, contudo, sem diferença estatística entre os grupos. Os helmintos machos alimentados com dieta hiperlipídica apresentaram maior área dos lobos testiculares e as fêmeas com área e perímetro dos ovários maiores que seu controle. A infecção foi o fator mais determinante para a expressão de citocinas dos macrófagos residentes que a SM. Bactérias Firmicutes e Proteobactérias foram os filos identificados. A espécie Klebsiella variicola foi identificada apenas em IDH. O FISH revelou uma distribuição de bactérias nas camadas mucosa, sobretudo nas criptas de Lieberkühn, na submucosa e muscular, sugerindo uma possível translocação de bactérias em IDH que também apresentou hiperplasia de vilosidades, hipertrofia de células de Paneth, perda de mucosa epitelial, alterações da submucosa e integridade muscular externa. A esquistossomose também induz profundos efeitos sobre a homeostase intestinal durante a transmigração de ovos através da parede gastrointestinal, resultando em tecido intestinal inflamado e permeável. Em conjunto, nossos dados sugerem que a SM concomitante e a esquistossomose aguda têm um impacto significativo na arquitetura do jejuno em camundongos C57BL/6. |