Influência da matéria orgânica e da interação de estrogênios na quantificação de atividade estrogênica e sua interferência em matrizes ambientais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Argolo, Allan dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciências::Faculdade de Engenharia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18055
Resumo: A presença de desreguladores endócrinos estrogênicos em matrizes ambientais aquosas tem sido motivo de preocupação nas últimas décadas e bioensaios são recomendados como ferramentas para o seu monitoramento. Contudo, a ocorrência de misturas de diferentes substâncias, suas propriedades físico-químicas e as características da matriz ambiental podem influenciar na resposta do bioensaio. Este estudo objetivou avaliar essa influência na resposta do ensaio de ativação transcricional de receptor de estrogênio Yeast Estrogen Screen (YES). Uma análise de misturas binárias de 17β-estradiol (E2), 17α-etinilestradiol (EE2), estrona (E1) e estriol (E3) foi realizada com o desenho de proporção fixa parcial, cujo resultado foi ajustado ao modelo de adição de concentração e estendidos aos modelos de sinergismo/antagonismo e desvios dependente do nível e da proporção da dose. Misturas de E2 e ácido húmico (HA) foram avaliadas pela abordagem de Schild para investigar a interação de estrogênios com a matéria orgânica dissolvida (MOD). Amostras ambientais de lixiviado de aterro sanitário e afluente e efluente de estação de tratamento de esgoto (ETE) foram avaliadas com o ensaio YES para atividade (anti)estrogênica nas fases dissolvida e particulada e os resultados foram estatisticamente confrontados com os parâmetros físico-químicos das amostras com análise de componentes principais (ACP). Desvios de sinergismo foram obtidos para todas as misturas sintéticas de estrogênios, exceto EE2+E1, e principalmente nas menores concentrações do ensaio. A despeito da (não-)interação no meio, o sinergismo in vitro pode ser recorrente em resultados de equivalente estradiol (Eq-E2) de amostras concentradas. As concentrações-teste de HA reduziram expressivamente a resposta do E2 no ensaio, mesmo em baixos níveis, o que foi associado à redução da biodisponibilidade de estrogênios no ensaio in vitro. Amostras de lixiviado tiveram Eq-E2 total na faixa de 1282–2591 ng L-1, enquanto afluente e efluente de ETE estiveram nas faixas de 12,1–41,4 e <LD–2,3 ng L-1, sendo a redução média de atividade estrogênica igual a 92%. A contribuição da fase particulada para o Eq-E2 total foi de 23% a 100% entre as matrizes, apesar de a citotoxicidade ter sido recorrente nos extratos de sólidos suspensos > 0,7 μm. A atividade antiestrogênica também foi observada nas fases dissolvida e particulada e pode também ter mascarado o potencial estrogênico das amostras. A ACP não elucidou correlações positivas para sustentar um padrão de distribuição multifase dos compostos estrogênicos e supõe-se que parâmetros físico-químicos não sejam preditivos para isso. Contudo, as características dos sólidos e da matéria orgânica subsidiaram a interpretação dos resultados e estudos mais robustos podem ser empregados. Conclui-se que o ensaio in vitro YES está sujeito a fatores intrínsecos à amostra que podem influenciar no potencial estrogênico obtido a partir do ensaio. Portanto, recomenda-se que a interpretação dos resultados seja realizada em conjunto com parâmetros físico-químicos de caracterização de matéria orgânica, citotoxicidade e atividade antiestrogênica.