Exportação concluída — 

O incômodo de ser inacabado na contemporaneidade: diálogos e tensões entre existência, tragicidade e teatralização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Moura, Michelle Thieme de Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/15212
Resumo: A proposta central dessa tese consiste em discutir de que forma temos lidado com nosso próprio inacabamento na contemporaneidade. Ao adotar a perspectiva sartriana de subjetividade, o homem aqui é pensado como sendo desprovido de qualquer essência que lhe confira um acabamento, estando fadado a representar-se e a teatralizar na vida. A teatralidade, portanto, é aqui entendida como condição inseparável do existir humano. Essa condição é responsável por conferir ao homem a incômoda obrigação perpetuamente renovada de estar sempre se refazendo em uma trágica tensão com o mundo. As questões levantadas por esse eixo central foram organizadas, nessa tese, em três capítulos. O primeiro deles busca discutir de que forma as tensões e conflitos inerentes ao nosso inacabamento - e à nossa teatralidade - podem estar articulados com uma dimensão trágica da existência, usando como fio condutor as noções sartrianas de angústia e representação de si. Essa discussão é aprofundada através de um diálogo com o cinema do documentarista brasileiro Eduardo Coutinho, mais especificamente com dois filmes seus: Jogo de Cena e Moscou. O segundo capítulo busca entender de que forma as particularidades de nosso modo de viver contemporâneo se relacionam com a exacerbação da busca por um acabamento nos dias de hoje. Nesse contexto, uma forma atual muito usada de intensificação dessa busca parece ocorrer através do ideal de completude . São aí discutidos dois fenômenos que ajudam a revelar os efeitos desse ideal nas formas contemporâneas de sofrimento psíquico: primeiramente é analisada a relação do homem com o trabalho, e em seguida sua relação com as redes sociais virtuais. Finalizando o segundo capítulo, a tese coloca em cena de que forma uma lógica tragicofóbica está a serviço de algumas práticas e fenômenos psi que ajudam a fortalecer o atual ideal de completude. Como um contraponto ao modo de encararmos a incompletude no viver contemporâneo cotidiano, a teatralidade colocada em cena na arte, discutida ao longo do terceiro capítulo, é pensada como um lugar onde o inacabamento e sua faceta trágica podem ser experimentados como uma potente dimensão humana. Para isso, primeiramente buscou-se discutir a estrutura da arte teatral no seu sentido mais amplo, em seguida foi feita uma análise mais específica do ofício do ator, e por último, através de um diálogo com o processo de criação da peça Nômades, chegou-se a uma discussão sobre as poéticas de desestabilização típicas do chamado teatro contemporâneo . Constatou-se que enquanto no viver cotidiano - especialmente no contemporâneo tendemos a ignorar a teatralidade que nos constitui enquanto seres livres e inacabados, na arte teatral, por sua vez, nossa teatralidade é o tempo todo reafirmada. É possível observar, portanto, que a tragicidade de nossa dimensão humana inacabada, quando colocada em cena pela arte teatral, consegue sustentar, nos mais diversos graus, condições de possibilidades privilegiadas para que o sujeito transforme o incômodo que o aprisiona e produz sofrimentos - em um incômodo que desconstrua e amplie modos de existir. Essa possibilidade, no cenário atual, além de ser libertadora, mostra-se extremamente transgressora