Sereia Preta-Mão-d’Água: o corpo feminino das águas da afrodiáspora e o cotidiano escolar das crianças em Chapadinha-MA
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Educação |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20561 |
Resumo: | Nesta tese, tem-se como objeto histórias decoloniais de mulheres negras a partir do corpo feminino enquanto cronotopo total, elaborado a partir dos conhecimentos sobre a encantaria maranhense, conceito trazido para o cotidiano escolar por aluno/as de educação infantil da Escola Municipal de Educação Infantil Jardim Cirandinha (Chapadinha, MA). Essas crianças, durante a leitura da história “Quando a escrava Esperança Garcia escreveu uma carta”, encontram a sereia preta e, a partir dessa descoberta, dão sentido próprio à história da heroína negra, encantando-a em sereia/mãe-d’água. É assim que o espaço-tempo e o corpo de Esperança Garcia se alargam e se funde o corpo humano com a natureza, transformando-se em um corpo d’água “potência de ser”. Desse modo, o objetivo com esta tese é contar, partindo do cronotopo do corpo encarnado e encantado de Esperança Garcia/sereia preta, histórias decoloniais. Um contar tensionado pelas enunciações das crianças da educação infantil na vivência do contar/ler/ouvir literatura infantil negra, como também contar histórias do protagonismo feminino negro imbricado com o mito feminino das águas das afrodiásporas que tensionam a colonialidade/modernidade com movimentos decoloniais na vida. Quanto à metodologia de pesquisa e de escrita, gestou-se o movimento de mergulho nas águas, por meio do qual todos os sentidos do corpo carne-sangue refletem a pesquisa e não apenas a cognição racional ocidental. Tal metodologia foi embasada na narrativa do mito feminino afrodiaspórico das águas, pelos estudos do cronotopo Bakhtin sobre François Rabelais e pelos movimentos de fazer pesquisa no cotidiano de Nilda Alves. Assim, as histórias contadas acontecem no movimento de matéria/corpo encarnado no fluxo do espaço-tempo das águas dos rios maranhenses Munim e Preto. Desse modo, os corpos da sereia preta maranhense e de Esperança Garcia, nesta tese, simbolizam o ajuntamento entre o corpo e a natureza, entre o baixo corporal e o alto, agregando mulheres negras de diversos espaços-tempos, em que as dimensões racional e espiritual, representadas pelo alto corporal, são indissociáveis da natureza, o baixo corporal. É assim que o mito ancestral feminino se converte no movimento do mergulho por histórias de tantas outras sereias pretas que tensionaram, em diferentes espaços-tempos, a polaridade racional e cristã da matéria versus espírito/logos, dualidade que justificava a colonização de África e da América pelo Ocidente. Mulheres sereias pretas que rejeitaram o enquadramento racializado e corporizado da colonialidade/modernidade, em que os povos e as terras de África e da América do Sul foram, intencionalmente, reduzidos à corporização do ser negro e seus territórios em recursos naturais a serem explorados/civilizados pelo branco europeu. O referencial teórico é consubstanciado por obras de Bakhtin, Benjamin, Fanon, Mignolo e Quijano. |