Mecanismos associados à vulnerabilidade da ictiofauna estuarina às alterações climáticas globais
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19912 |
Resumo: | A conservação da biodiversidade frente às mudanças climáticas depende da identificação de mecanismos associados com a persistência das espécies no habitat original, a fim de prevenir impactos em níveis ecológicos mais elevados (i.e. comunidade, ecossistema). Na presente tese avaliou-se (I) a importância relativa de mudanças na dominância e ocupação das espécies para a reorganização de comunidades sob influência do aquecimento global (Capítulo 1); (II) a influência da heterogeneidade local na temperatura e salinidade sobre a vulnerabilidade térmica de Atherinella brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1825), espécie de peixe residente em estuários tropicais (Capítulo 2); e (III) a relação entre o nicho térmico realizado de espécies não-nativas e sua área geográfica de introdução (Capítulo 3), além de outros fatores preditores da riqueza não-nativa. Uma meta-análise de estudos com série temporal igual ou superior a 20 anos foi realizada para avaliar padrões na beta-diversidade e perfil térmico da ictiofauna estuarina, a fim de atingir o 1º objetivo proposto (Capítulo 1). Para a realização do 2º capítulo, juvenis de A. brasiliensis capturados na Baía de Guanabara, RJ, foram aclimatados em diferentes condições de temperatura e salinidade, e expostos à uma rampa térmica de +1oC a cada 15 minutos, a fim de determinar sua tolerância máxima. Para atingir o 3º objetivo proposto, realizou-se uma seleção de modelo para detectar os principais fatores antropogênicos e ambientais associados com a riqueza de espécies não-nativas em estuários, que foi compilada a partir de uma revisão na literatura científica. A relação entre os limites térmicos das espécies não-nativas e a latitude do estuário invadido também foi investigada. Os resultados revelaram que mudanças na dominância das espécies residentes contribuíram majoritariamente para a tropicalização da ictiofauna em região temperada, contrariando expectativas de um papel primário da imigração. A persistência detectada para as espécies estuarinas pode estar associada à diversos mecanismos, incluindo a tolerância térmica. Os testes experimentais revelaram tolerância de A. brasiliensis à temperaturas até 40,6ºC, e plasticidade nos limites térmicos em função da temperatura e salinidade de aclimatação. Estes resultados indicam uma potencial persistência da espécie durante ondas de calor e cenários intermediários de aquecimento à longo-prazo. No entanto, os limites máximos de A. brasiliensis não sofreram alteração após aumento exclusivo na temperatura de aclimatação, revelando que a espécie pode estar próxima de atingir seus limites térmicos absolutos. Os limites térmicos também apresentaram relação com a área de introdução de espécies não-nativas ao redor do globo, indicando conservação de nicho climático durante invasões. O tráfego de navios e flutuações na salinidade também foram associados com a riqueza de peixes não-nativos, revelando um papel primário da pressão de colonização e o filtro ambiental para sua ocorrência em estuários. Os dados gerados pela presente tese contribuíram para avançar o conhecimento acerca de respostas da biodiversidade às mudanças climáticas, e fornecem importantes subsídios para o desenvolvimento de planos de manejo e conservação da fauna nativa. |