Disfunção neuromuscular das vias aéreas superiores na patogênese da apneia obstrutiva do sono na doença de Parkinson

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Bahia, Christianne Martins Corrêa da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8678
Resumo: Os transtornos do sono fazem parte do complexo de sintomas não-motores da Doença de Parkinson (DP), interferindo negativamente na qualidade de vida destes indivíduos. Dentre eles, a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), com alta prevalência variando de 27 a 60%, apresenta relação incerta com a DP. A disfunção das vias aéreas superiores (VAS) na DP está bem documentada e acredita-se que ela seja um reflexo do acometimento da musculatura faringo-laríngea, estando potencialmente envolvida na gênese do fenômeno obstrutivo da SAOS na DP. Objetivo: avaliar a relação entre a disfunção neuromuscular das VAS com a SAOS em pacientes com DP. Métodos: 48 pacientes com DP (41 homens e 7 mulheres) foram submetidos à polissonografia para o diagnóstico de SAOS e à avaliação funcional das VAS através de espirometria e exame clínico da musculatura faringo-laríngea. Foram também analisadas variáveis relacionadas à evolução da DP (tempo de doença, estadiamento pela escala de Hoehn-Yahr, UPDRS III, dose equivalente de levodopa, presença de fenômenos motores e alterações posturais de tronco e pescoço), e variáveis relacionadas a SAOS (obesidade, índice de Mallampati, circunferência cervical, presença de roncos, sonolência diurna excessiva, hipertensão arterial, depressão, diabetes mellitus e nictúria). Resultados: 31 dos 48 participantes (64,6%) preencheram os critérios para SAOS de acordo com o ICDS-3 (Grupo DP com SAOS); os outros 17 participantes constituiram o Grupo DP sem SAOS. A média de idade em anos foi de 62,8 ±10,1 e 63,3 ±11(p=0,98) e o tempo médio de DP foi de 8,4 ±4,1 e 6,5 ±4,3 anos (p=0,096) em cada grupo, respectivamente. A frequência de obstrução da VAS pela espirometria foi de 25% e a disfunção da musculatura faringo-laríngea pela avaliação clínica foi de 60,4%, sendo a hipofonia (58,3%) o principal acometimento, seguida do prejuízo na protrusão da língua (25%). A presença de disfunção da musculatura faringo-laríngea correlacionou-se com a ocorrência de SAOS (RC=3,49-IC 95%:1,01-12,1, p=0,044), mas o mesmo não foi observado em relação à obstrução das VAS pela espirometria. A presença de disfunção da musculatura faringo-laríngea também se associou a alterações espirométricas indicativas de disfunção das VAS (RC=5,2-IC 95%:1,002-26,9, p=0,037), a maior comprometimento motor da DP, evidenciado pela maior pontuação no UPDRS III (20 vs 15, p=0,0005) e na escala de Hoehn-Yahr (2,5 vs 2,0, p=0,008), assim como a maior frequência de alteração postural de tronco e pescoço (51,7% vs 21,1%, p=0,033) e de fenômenos motores (65,5% vs 31,6%, p=0,021). As características comumente associados à SAOS na população geral, como obesidade, circunferência cervical aumentada, índice de Mallampati III-IV, presença de roncos, sonolência diurna excessiva, hipertensão arterial, depressão, diabetes mellitus e nictúria, não se correlacionaram com SAOS na DP. Conclui-se neste estudo que a disfunção da musculatura faringo-laríngea deve ser considerada como um fator envolvido na ocorrência do fenômeno obstrutivo das VAS em pacientes com SAOS na DP. Verificou-se que aqueles pacientes com disfunção da musculatura faringo-laríngea à avaliação clínica eram os que apresentavam maior comprometimento motor, pontuações mais elevadas no UPDRS III, maior frequência de fenômenos motores e alterações posturais de tronco e pescoço.