Associação entre concentrações séricas de retinol e de hepcidina em crianças de 6 a 59 meses de idade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Amanda de Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20502
Resumo: A anemia é uma das principais doenças carenciais no mundo e a deficiência de vitamina A (DVA), usualmente determinada pelas concentrações séricas de retinol, é uma das mais importantes deficiências nutricionais dos países em desenvolvimento. Acredita-se que a deficiência de ferro seja uma das principais causas de anemia, porém, esta pode ser determinada por diversos fatores. É possível que uma deficiência funcional de ferro se desenvolva por alterações na sua homeostase mesmo quando as reservas de ferro estejam adequadas. De forma sistêmica, a homeostase de ferro é controlada pelo hormônio hepcidina, que atua reduzindo a mobilização tecidual e absorção intestinal deste mineral. A síntese de hepcidina é ativada pela inflamação, mas este mecanismo de ativação foi pouco investigado em crianças. Adicionalmente, sabe-se que DVA tem sido associada à inflamação. O objetivo foi estudar a associação da vitamina A com anemia e concentrações séricas de hepcidina em crianças menores de cinco anos. Estudo transversal com 312 crianças de 6 a 59 meses usuárias do Sistema Único de Saúde no Rio de Janeiro, Brasil. Foi realizada uma regressão logística múltipla, testando anemia como desfecho, retinol e proteína C reativa (PCR) como variáveis preditivas. A associação entre hepcidina e retinol séricos, parâmetros hematológicos (ferritina, hemoglobina, hematócrito, VCM, HCM e CHCM) e índice de massa corporal/idade (IMC/I) foi analisada pelo modelo linear generalizado (GLM) com e sem ajuste para PCR. Além disso, a análise de regressão logística foi usada para testar a anemia como desfecho e o retinol sérico como variável preditiva, usando a função de razão de chance. As análises foram ajustadas para sexo, idade, escolaridade materna e renda familiar. Foram incluídas no estudo 312 crianças. Destas, aproximadamente 67% tinham mais de 24 meses e 52% eram do sexo masculino. A prevalência de anemia foi 14,6%, a de anemia ferropriva foi 5,8%e a de deficiência de vitamina A foi 9,6%. O aumento das concentrações séricas de retinol sérico reduziu as chances de anemia (OR = 0,13; intervalo de confiança = 0,29-0,59). Quando não ajustado para PCR, no GLM, retinol foi um preditor de hepcidina sérica, juntamente com ferritina e IMC/I (β = -3,36, 0,14, 1,02, respectivamente; p= 0,032). O retinol sérico associou-se inversamente à PCR (β = -0,025; p= 0,000). Indicadores socioeconômicos foram incluídos e não influenciaram os níveis de hepcidina na população estudada, sugerindo uma associação determinada por fatores biológicos. A associação observada entre os níveis de retinol e hepcidina pode explicar porque as estratégias para controlar a anemia baseadas apenas na suplementação de ferro têm um impacto limitado na prevalência geral da anemia. Na amostra estudada, a anemia sem deficiência de ferro estava presente em aproximadamente dois terços das crianças com anemia, o que poderia ser explicado pela anemia de inflamação e a necessidade de melhorar a compreensão da relação entre vitamina A, níveis de hepcidina e anemia em crianças. Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a avaliar a associação entre retinol sérico e hepcidina em crianças de 6 a 59 meses. Conclusões: A associação entre as concentrações séricas de retinol e hepcidina em crianças de 6 a 59 meses parece ser dependente de inflamação. Tomados em conjunto, os resultados reforçam a necessidade do desenvolvimento de novos estudos para melhor compreender a relação entre a vitamina A e a anemia de inflamação.