O roman à clef enquanto “gênero maldito”: indagações à fortuna crítica do Recordações do escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Siqueira, Daniela Corrêa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18867
Resumo: O presente trabalho visa fazer um estudo da fortuna crítica em torno do Recordações do Escrivão Isaías Caminha produzida à época de sua publicação, em que o termo roman à clef é utilizado para classificar e depreciar o romance de estreia de Lima Barreto. Constituem ainda objetos de nosso interesse os textos críticos bastante posteriores ao contexto de sua primeira publicação, em que essas concepções pejorativas em torno do gênero roman à clef têm acompanhado as referências ao romance, assim como trabalhos acadêmicos bastante recentes em que tais concepções são ainda reproduzidas, de forma cristalizada e persistente. O roman à clef é um gênero romanesco em que são retratadas pessoas reais através de personagens ficcionais disfarçadas por pseudônimos. O romance de Lima Barreto, escrito sob esse gênero, critica de maneira audaz personalidades do meio jornalístico e intelectual do Rio de Janeiro do início do século XX. Após anos de sua publicação, autor e romance foram redimidos pela crítica, mas tal redenção não alcançou o roman à clef, gênero utilizado por Barreto. Embora seja de amplo conhecimento que Barreto retratou em seu romance pessoas importantes do Rio de Janeiro, esse detalhe aparece na maior parte das pesquisas como uma mera nota de curiosidade. Acreditamos que isso se deva ao estigma carregado pelo roman à clef que, a partir de meados do século XIX, passou a ser visto como uma forma inferior de literatura. Agrava tal ilegitimidade todo um arsenal crítico consolidado no decorrer do século XX, com as teorias do New Criticism, atingindo o seu ápice com a “morte do autor”, de Barthes. Entretanto, estudos contemporâneos sobre outros gêneros limítrofes, como o romance autobiográfico e de autoficção, têm possibilitado a revalorização do roman à clef. Portanto, este trabalho propõe, além do levantamento e da análise dos textos críticos em torno do Recordações do Escrivão Isaías Caminha, promover uma reflexão sobre as motivações que levaram Lima Barreto a fazer uso do gênero roman à clef como ferramenta de militância. Esperamos também, com esta Dissertação, chamar a atenção para a legitimidade da leitura à clef, bem como fornecer subsídios para pesquisas futuras que pretendam empreender uma leitura do romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha – assim como de outros romances – enquanto roman à clef.