Isto aqui é uma expedição: uma leitura das paisagens em trânsito de Ana Martins Marques, Angélica Freitas e Marília Garcia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gelmini, Juliana dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21577
Resumo: Italo Calvino, antes de nos deixar, escreveu apenas cinco das suas Seis propostas para um novo milênio, em 1990. Anos depois, Ricardo Piglia buscou escrever a proposta que falta: “Qual seria a sexta proposta não escrita para o próximo milênio?” (PIGLIA, 2012, p. 1). A partir desta questão, o escritor argentino apresentou o conceito de deslocamento, relacionado ao sentido de mudança de lugar, de movimento em direção ao outro, como “Uma proposta para o novo milênio”, ensaio publicado no Caderno de Cultura Margens/ Márgenes, em 2001. Retomei, com esta tese, a investigação da proposta de Piglia, em busca de caminhos para a escrita sobre o conceito de deslocamento no contemporâneo. Agora, a partir do olhar de uma pesquisadora mulher de outro lugar da América Latina, no Brasil, no Rio de Janeiro – ainda um subúrbio do mundo, tal qual Piglia se referiu a Buenos Aires. Em busca de “sair do centro, deixar que a linguagem fale também na margem, no que se ouve, no que chega de outro” (PIGLIA, 2012, p. 4), propus, com esta tese, um modo de reconhecimento do deslocamento epistemológico, com a passagem das margens heterogêneas que, historicamente, consideramos como “bordas da tradição cultural” (PIGLIA, 2012, p. 1) ao centro da cena contemporânea. Aqui, falando sobre um deslocamento descentralizante do patriarcado. Nesse contexto em trânsito, os nomes de Ana Martins Marques (Belo Horizonte, 1977), Angélica Freitas (Pelotas, 1973) e Marília Garcia (Rio de Janeiro, 1979) são exemplos da forte e decisiva expressão da poesia de autoria feminina em língua portuguesa nos últimos anos. Destacam-se como três poetas premiadas e, assim, legitimadas por uma crítica especializada. Apesar do crescente protagonismo, ainda não parecia haver estudos acadêmicos amplos e específicos sobre as suas práticas artísticas em perspectiva comparada. O que eu propus, com esta tese, foi investigar, a partir do método da análise crítica e formal de poemas selecionados, a hipótese da configuração comum de uma voz poética própria em torno do deslocamento, mapeando os pontos de (des)encontros que articulam as práticas artísticas dessas três poetas-mulheres que (re)escrevem, ao menos, uma das diversas partes silenciadas da história. Em cada poeta, investiguei os deslocamentos que atravessam duas figuras femininas. No primeiro capítulo, investiguei as figuras da “Medusa” e da “Ofélia”, na voz de Ana Martins Marques, a partir dos poemas do livro Risque esta palavra (2021). No segundo capítulo, investiguei as figuras da “poetisa” e da “sereia”, na voz de Angélica Freitas, a partir dos poemas do livro Canções de atormentar (2020). No terceiro capítulo, investiguei as figuras da “flâneuse” e da “ninfa Eco”, na voz de Marília Garcia, a partir dos poemas do livro Expedição Nebulosa (2023). Minha intenção foi também verificar se esse estado de deslocamento é um dos aspectos que configura a poesia brasileira contemporânea. Com isso, também busquei contribuir, dentro do possível, em hipóteses que possam colaborar para a definição do deslocamento nos estudos de poesia